O ministro do Planejamento, Romero Jucá, afirmou nesta segunda-feira que vai se licenciar do cargo a partir de amanhã. Ele disse que preferiu deixar o cargo para aguardar que o Ministério Público Federal se manifeste sobre os áudios em que sugere um pacto para paralisar a Operação Lava Jato e conter a "sangria" provocada pelas investigações. Minutos antes do anúncio de Jucá, o presidente interino Michel Temer afirmou que buscaria "a melhor solução para todos" diante do caso.
"Prefiro pedir ao Ministério Público uma manifestação sobre o caso. Vou aguardar com tranquilidade a manifestação do Ministério Público e depois tomar uma decisão [definitiva sobre a presença no governo Temer", disse Jucá, que reassume o mandato como senador e se mantém na presidência do PMDB. No Congresso, deve enfrentar um processo de cassação, já que o PDT anunciou que apresenta nesta terça-feira representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
No Senado, Jucá negou ter provocado "constrangimento" no presidente interino Michel Temer e atribuiu sua licença a um gesto para não comprometer a credibilidade da classe política. "O presidente entendeu minha posição, viu meus pronunciamentos, minhas entrevistas. Tenho defendido um governo de salvação nacional, a rápida investigação para que não pairem dúvidas sobre a classe política brasileira e [para] que não se extraia a confiança sobre a classe política", afirmou. "Meu gesto deu o exemplo de que somos transparentes, nada temos a esconder. Aguardo a manifestação do Ministério Público. Não fiz nada de errado", completou ele.
Jucá foi flagrado em conversas com o ex-senador e ex-dirigente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, Sergio Machado. Na conversa, revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, ele fala em "delimitar" e "estancar essa sangria". Pela manhã, Jucá havia dito que continuaria no cargo de ministro enquanto tivesse a confiança de Temer. Nas primeiras declarações públicas, Temer afirmou que não iria poupar ministros envolvidos em irregularidades.
A conversa ocorreu semanas antes da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. O áudio tem mais de uma hora duração e está em posse da Procuradoria Geral da República (PGR). O advogado do atual ministro, Antonio Carlos de Almeida Castro, disse ao jornal que Jucá "jamais pensaria em fazer qualquer interferência" na Lava Jato "porque essa não é a postura dele".
Ao anunciar que deixaria o cargo, Jucá afirmou: "Estou consciente de que não cometi nenhuma irregularidade. Apoio a Lava Jato e apoiei o procurador-geral da República Rodrigo Janot. Estamos tranquilos, o governo está tranquilo". O peemedebista disse ainda que assume o cargo interinamente o secretário executivo do Planejamento Dyogo Oliveira.
*Veja.com
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