Alvo de um pedido de prisão feito pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) negou nesta quinta-feira que esteja sendo construído um acordo entre os senadores para que o plenário da Casa barre a possibilidade de ele e outros congressistas ficarem atrás das grades. O acordo, porém, está sendo considerado por conta de dois fatores: a influência de Calheiros poderia alterar o placar do impeachment no momento em que tanto aliados da presidente afastada Dilma Rousseff quanto do governo interino de Michel Temer buscam de votos no processo e o risco de depoimentos de delação premiada, como a do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado e do herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht. Conforme revelou VEJA na edição desta semana, o príncipe das empreiteiras prometeu detalhar como beneficiou 13 governadores e 36 senadores.
Nos bastidores, a senha para tentar se descolar das acusações de que um acordão está em curso é alegar que o Legislativo é um poder independente e não tem de estar sujeito ao Judiciário no caso de determinações de prisão de parlamentares. Desde 2002, o STF não precisa mais de autorização prévia para processar parlamentares, mas a Constituição estabelece que os autos que determinam a prisão de um congressista deverão ser analisados pelo plenário do Senado no prazo de 24 horas. Hoje, o sentimento é o de que eventuais decretações de prisões contra Renan Calheiros e contra o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) não seriam referendadas pelo plenário do Senado.
"Não existe [acordo] e não existirá porque o Senado praticará sempre a separação dos poderes. Não sabemos nem o conteúdo das delações. Imagina fazer acordo. Quem está dizendo isso quer mais uma vez deturpar e embaçar as coisas", afirmou Renan nesta quinta.
Embora seja alvo de diversos inquéritos relacionados à Operação Lava Jato, o presidente do Senado tentou se descolar do noticiário político-policial. Ele se recusou a comentar as novas suspeitas, reveladas pela Folha de S. Paulo, de ele e a cúpula do PMDB combinavam versões de defesa e estratégias contra a Operação Lava Jato. "Não quero absolutamente tratar dessa questão. Vamos aguardar a decisão do Supremo Tribunal Federal e eu, mais do que qualquer um, tenho interesse nos esclarecimentos dos fatos", afirmou, declarando que prestou depoimento e entregou sigilos aos investigadores.
*Veja.com
Mín. 22° Máx. 39°