Não se vá, Lio. O diário argentino Olé - que tantas vezes zombou do futebol brasileiro, mas, criado em 1996, jamais estampou um título da seleção argentina em sua capa - iniciou nesta segunda-feira uma campanha para que Lionel Messi repense sua decisão de deixar a seleção de seu país. A atuação do craque, que não brilhou, mas jamais se omitiu do jogo contra o Chile, e seu choro após falhar na decisão por pênaltis, comoveram até mesmo aqueles que se acostumaram a criticá-lo - tantas vezes foi tachado de pecho frío (peito frio, em espanhol, uma expressão tipicamente portenha, que se refere aos jogadores que não sentem a camisa e se escondem nos momentos difíceis). Foram precisos quatro vice-campeonatos, 23 anos sem um único título e a uma amarga renúncia para que os argentinos se dessem conta: Messi não é culpado.
Na madrugada, o Olé iniciou a campanha com a hashtag "No Te Vayas, Leo". Já na manhã desta segunda-feira, a variação "#NoTeVayasLio" chegou à liderança dos assuntos mais comentados mundialmente do Twitter. Milhares de fãs, a maioria argentinos, mandaram mensagens de apoio ao gênio que conquistou tudo pelo Barcelona, mas segue em busca de um título com a seleção adulta - pela Argentina, Messi conquistou apenas o ouro olímpico em Pequim-2008 e o Mundial sub-20 em 2005. O choro do craque depois de chutar para longe a sua cobrança de pênalti ganhou as redes sociais, na esperança de convencer o craque de 29 anos a mudar de ideia.
O próprio Olé destaca que esta foi a melhor atuação de Messi nas quatro finais que perdeu - Copas América de 2007, 2017 e 2016 e Copa do Mundo de 2014 - e ressalta que, especialmente contra o Chile, o capitão do time não teve companheiros à altura. Assim como nas últimas três finais, o atacante Gonzalo Higuaín perdeu um gol feito em Nova Jérsey - e, por isso, roubou de Messi o papel de vilão da decisão. Os meias também não renderam e, por isso, Messi teve que buscar o jogo muito longe da meta, facilitando a vida dos chilenos, que, quando não o pararam na bola, não tiveram vergonha de fazê-lo na pancada (três deles receberam cartão amarelo por faltas no craque).
O apoio nas redes sociais mostrou que, efetivamente, Messi conseguiu reverter sua imagem com os torcedores na Copa América Centenário. Além de brilhar com dribles e gols, o camisa 10 demonstrou mais vontade em campo e espírito de liderança no torneio. Até mesmo sua inédita barba ruiva se tornou mania nacional e era apontada como amuleto para a Argentina sair da fila. O troféu não veio, mas o reconhecimento, sim. Não se vá, Lio.
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