A Polícia Federal prendeu em flagrante na noite desta quarta-feira o membro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) João Carlos Figueiredo Neto, enquanto ele tentava vender sua influência no processo de fusão do Itaú com o Unibanco, do qual é relator, que tramita no órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.
A operação teria começado com denúncia feita pelo Itaú. Após receber a informação, a PF passou a monitorar o suspeito e aguardou o flagrante para realizar a operação denominada de "Quatro Mãos", em referência à proposta inicial feita pelo conselheiro de que o seu voto seria elaborado a quatro mãos.
Segundo as investigações, o suspeito teria pedido 1,5 milhão de reais para emitir uma decisão favorável ao banco. Em nota, a PF informou que ele foi preso em flagrante em um café do shopping Iguatemi, em Brasília, por volta das 21 horas.
A operação não tem relação com a Zelotes, que também investiga um esquema de compra de decisões no Carf, e foi autorizada pelo juiz Federal Marcus Vinícius dos Reis Bastos, da 12ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal.
Em nota, o Itaú destacou que foi vítima do membro do Carf e que ajudou as autoridades a prendê-lo. "Dados os princípios éticos e de transparência que norteiam nossa atuação, voluntariamente reportamos os fatos às autoridades competentes. Com essa atitude, esperamos ter contribuído com a identificação de conduta contrária à ética e à lei", informou o banco.
A Corregedoria da Fazenda afirmou, em nota, que foi o órgão que iniciou a investigação que resultou na prisão de Figueiredo. O Ministério da Fazenda lamentou o ocorrido e disse que tem adotado medidas para corrigir as "vulnerabilidades" do órgão responsável por analisar recursos de pessoas físicas e jurídicas multadas pela Receita Federal.
"O Carf, que passa neste momento por amplo processo de reestruturação, visando fortalecer a governança do órgão e adotando medidas para corrigir as vulnerabilidades apontadas pela Operação Zelotes, coloca-se, desde já, à disposição dos órgãos de investigação para prestar os esclarecimentos necessários às investigações em curso", disse a pasta, em nota.
*Com Estadão Conteúdo
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