A saga dos taxistas do país para impedir o funcionamento do Uber no Brasil ganhou nesta semana um novo - e curioso - capítulo. Representantes da categoria de pelo menos cinco Estados (São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina) partiram em carretada até a sede da Justiça Federal em Curitiba. O objetivo: entregar ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos resultantes da Lava Jato na capital paranaense, um dossiê com denúncias contra o aplicativo.
Embora os taxistas tenham decidido visitar o juiz na quarta-feira, dia em que a 32ª fase da Lava Jato foi deflagrada, Moro recebeu os representantes da categoria por 10 minutos. Segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal do Paraná, a decisão do magistrado se deu para "acalmar os ânimos" dos manifestantes, que chegaram às 7 horas. Cerca de 300 taxistas se posicionaram em frente ao prédio da Justiça Federal, com um carro de som e uma bandeira que trazia a foto de Moro e a seguinte mensagem: "República de Curitiba: Aqui se cumpre a lei"
Como o protesto vinha sendo anunciado desde a semana passada em grupos de WhatsApp e em cartazes colados em pontos de táxi, o juiz se antecipou e escreveu uma carta à categoria dizendo que, como membro do Judiciário, não tem competência para tocar investigações e que "não cabe a ele arbitrar ou interferir nessa disputa". Entre os quatro representantes recebidos por Moro estava o vereador Adilson Amadeu (PTB), militante dos interesses da categoria na Câmara Municipal de São Paulo. Ao receber o bolo de documentos, Moro entregou a carta e disse que qualquer interferência sua seria "inadequada". Os manifestantes, ao que parece, saíram satisfeitos.
Um taxista que participou do ato narrou, emocionado, o momento em que o magistrado apareceu para recebê-los. "O juiz desceu aqui embaixo e veio nos recepcionar. Esse homem tem o coração muito bom. Para quem não acreditou e falou que a gente ia perder tempo, fica o meu depoimento. Estamos próximos da vitória, gente", disse, em um áudio compartilhado nas redes. Adilson Amadeu contou que até se ajoelhou diante de Moro para implorar que desse um jeito de investigar o Uber. "Pode acreditar que o resultado vai acontecer e as investigações vão começar. Vamos ver a diretoria do Uber presa lá na PF de Curitiba junta com o pessoal da Lava Jato. Você vai ver", disse o vereador, lembrando que nesta sexta-feira é dia dos taxistas."Isso foi um presente para todos nós".
A assessoria de imprensa da Justiça Federal frisou que não cabe a Moro emitir nenhum tipo de opinião sobre o assunto. Depois da reunião com o juiz, a comitiva se dirigiu às sedes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal em Curitiba. Os taxistas prometem não dar descanso na batalha contra o aplicativo. Agora, o próximo objetivo da categoria é conseguir um encontro com o presidente interino Michel Temer.
*Veja.com
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