Representantes dos aeroportos brasileiros disseram que foram pegos de surpresa pela mudança nas regras da Associação Nacional de Aviação (Anac). Na segunda-feira, quando as novas normas começaram a valer, os passageiros enfrentaram filas e atrasos, cenário que se repete na manhã desta terça-feira. As alterações nos procedimentos ampliam para todos os voos normas que antes só eram exigidas em voos internacionais, como a revista de passageiros para o acesso a áreas restritas dos aeroportos e a inspeção de bagagens de mão na fiscalização dos voos domésticos.
No Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, o mais prejudicado pelas mudanças, dos 41 voos previstos, cinco estavam atrasados hoje e um foi cancelado, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Às 4h30 desta terça, uma multidão lotava o aeroporto e formava filas quilométricas nos check-ins das companhias, que dispunham de poucos funcionários para orientar os passageiros. Já no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, dos 57 voos previstos desde a meia noite desta terça-feira, oito atrasaram, sendo dois entre as 7 horas e 8 horas, segundo a Gru Airport, concessionária que administra o terminal. Nenhum voo foi cancelado no maior aeroporto do país.
Ao jornal Folha de S. Paulo, o sindicato dos aeroportuários (funcionários dos aeroportos) disse que soube da data de implantação dos novos procedimentos pela imprensa, na última sexta-feira. Segundo eles, a discussão ocorria há duas semanas. Para Edenilson Valadão, do sindicato paulista dos aeroviários (funcionários das companhias aéreas que trabalham no solo), as novas regras de inspeção vieram “num estalar de dedos”. “[A alteração na regra] pegou todo mundo de surpresa. O resultado [filas e desinformação] demonstra que houve precipitação. A mudança demandaria um prévio preparo de quem trabalha diretamente com o passageiro”, afirmou Valadão ao jornal.
O sindicato dos aeroportuários avalia que os novos procedimentos de segurança poderiam ter sido adotados inicialmente em um único aeroporto do país para depois serem ampliados. “Depois do primeiro teste, seriam analisadas as falhas. Dessa forma, seria criado um novo modelo mais fácil de ser aceito”, argumenta Célio Barros, secretário-geral do sindicato.
À Folha, a Anac disse que discussão sobre as mudanças adotadas têm sido feitas desde “meados de 2015” e que elas foram publicadas no Diário Oficial da União no dia 30 de junho. No dia 1 julho, segundo a Anac, foi realizada um reunião com operadores dos aeroportos. A reguladora diz acreditar que o período foi suficiente para que os aeroportos se adequassem e que os agentes aeroportuários responsáveis pelas inspeções são capacitados e constantemente certificados. A agência não respondeu o motivo pelo qual não testou inicialmente os novos procedimentos em escalar menor e por que adotou as medias em período de alta demanda, em razão das Olimpíadas – a agência havia afirmado, em nota, que o procedimento “não têm ligação com os jogos ou com outro fator externo”.
*Com Estadão Conteúdo
Mín. 23° Máx. 39°