Vinte e três dos 465 atletas que defenderão o Brasil na Olimpíada do Rio de Janeiro não nasceram no país. Acostumado a ver brasileiros defendendo outras seleções, especialmente no futebol, o país-sede dos Jogos também aderiu à naturalização de atletas para fortalecer modalidades menos tradicionais. Alguns deles foram criados em terras brasileiras, mas a maioria cresceu no exterior e só passou a vestir verde e amarelo no último ciclo olímpico.
Os gringos aparecem com destaque nas piscinas. Cada uma das duas equipes de polo aquático tem um goleiro estrangeiro, mas com histórias completamente opostas. Tess Oliveira – assim como a irmã Amanda, também convocada – nasceu nos Estados Unidos e cresceu no Brasil. Já o goleiro Slobodan Soro, da seleção masculina, vai aos Jogos pela terceira vez.
Soro ganhou o bronze em Pequim-2008 e repetiu a façanha em Londres-2012 pela seleção da Sérvia, o país onde nasceu. Por um projeto da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), foi “contratado” para defender o Brasil, ainda que nunca tivesse morado aqui. Sua naturalização foi concedida em caráter especial pelo governo, mas só recentemente foi liberado esportivamente para defender o Brasil.
Outro que sofreu para se naturalizar foi o armênio Eduard Soghomonyan, da luta olímpica, mas na ordem contrária: a cidadania “civil” só saiu no mês passado, um ano após ele começar a competir pelo Brasil. Ele vive no país desde 2012 e, inicialmente, não teve apoio da confederação de luta.
Já as federações de rúgbi e hóquei sobre a grama apostaram na busca por atletas estrangeiros com passaporte brasileiro ou que tivessem a oportunidade de obtê-los. O britânico Juliano Fiori, do rúgbi, chegou à seleção depois que seu pai, brasileiro, encontrou a delegação sem querer em um aeroporto e contou que seu filho jogava na Inglaterra.
Descendentes de brasileiros, aliás, são maioria entre os estrangeiros. São os casos, entre outros, do remador Xavi Vela, cujo irmão disputará a Olimpíada pela Espanha, e Nathalie Moellhausen, campeã mundial de esgrima pela Itália.
Rosângela Santos, do atletismo, por sua vez se considera uma autêntica carioca – é neta de fundadores da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel –, mas nasceu na capital americana Washington, em um período no qual os pais foram morar nos Estados Unidos. Voltou para cuidar de uma pneumonia quando ainda era bebê e ficou para sempre na sede dos Jogos.
*Com Estadão Conteúdo
Mín. 23° Máx. 39°