O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República, que teve conversas sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato com o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS). Na última sexta-feira, o petista virou réu sob a acusação de ter tentado comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, com a ajuda do ex-parlamentar.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira, Lula afirmou que falou sobre a Lava Jato com Delcídio porque ele estava “preocupado com as pessoas que estavam presas por ser amigo delas”, como o ex-diretor Nestor Cerveró. O depoimento era inédito até ontem e foi prestado em abril, no inquérito que apurava se Lula e Delcídio tentaram obstruir as investigações.
O ex-presidente também rebateu a acusação feita por Delcídio do Amaral em sua delação premiada. No acordo firmado com a Justiça, o ex-parlamentar afirmou que discutiu com Lula a tentativa de oferecer dinheiro a Cerveró, para que ele permanecesse em silêncio e não se tornasse delator. Lula disse que “discutiu aspectos da Lava Jato com Delcídio porque este tinha preocupação com as pessoas que estavam presas, até por ter sido da Petrobras e do setor energético e elétrico” e por “possivelmente ter trabalhado [na estatal] durante o governo Fernando Henrique Cardoso”.
Questionado sobre como reagiu quando soube do acordo de delação de Cerveró, o petista disse que reagiu “normalmente” e que não conversou com ninguém sobre o assunto, já que “não tinha nem razão [para isso]”. Lula afirmou ainda que não tinha relação pessoal com Cerveró e “acha que nunca teve uma conversa a sós” com o ex-diretor da Petrobras, “por nem um minuto”.
*Veja
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