Conhecida por seu visual exuberante, Elke Maravilha viveu com sinceridade e deixou uma história que, desde o princípio, sobressai pelo que tem de incomum. Antes de ser Maravilha, ela era Elke Georgievna Grunnupp. Nascida em São Petersburgo, Rússia, a atriz chegou ao Brasil aos seis anos de idade, fugindo da ditadura soviética de Stalin.
Criada no interior de Minas Gerais antes de arriscar a vida no Rio de Janeiro, Elke passou por diversas profissões, casou oito vezes e marcou a história da cultura brasileira como um personagem folclórico, sempre com sorriso no rosto.
Confira abaixo cinco curiosidades sobre a vida de Elke Maravilha.
Apátrida
O pai de Elke foi considerado um traidor por lutar contra a Rússia na chamada Guerra das Neves, em 1930. Por isso, sua família fugiu para o Brasil, em 1951. “Chegamos na Ilha das Flores, na Baía de Guanabara, que recebia imigrantes. Meu avô paterno, que era mestiço de viking com azerbaidjano, minha avó paterna, que era mongol, minha mãe, que era alemã, meu pai, que era russo, e eu, que não era nada (risos). No documento dizia ‘apátrida’, porque meu pai era traidor da pátria”, contou Elke em entrevista a Marília Gabriela sobre a vinda ao país. Elke chegou a ser naturalizada brasileira, mas teve a cidadania cassada pelo governo militar ao protestar contra o assassinato de Stuart Angel, filha da estilista Zuzu Angel, em 1972. Ela conseguiu um passaporte amarelo da ONU, destinado a pessoas de nacionalidade indefinida. Depois, Elke se naturalizou alemã. Não quis a anistia pós-ditadura, pois não achava que teria que pedir perdão pelo que fez. No Brasil, era considerada residente permanente.
Poliglota
Elke era fluente em nove línguas: alemão, russo, italiano, espanhol, francês, inglês, grego, latim e português. Seu primeiro emprego foi de professora em uma escola de idiomas. Aos 20 anos, foi a mais jovem professora de francês da Aliança Francesa e de inglês na União Cultural Brasil – Estados Unidos. Também atuou como secretária trilíngue. A paixão a levou a estudar Letras Clássicas por dois anos, logo após cursar um ano de medicina.
Top model
Com 1,80 m de altura, Elke deu seus primeiros passos em direção à fama nas passarelas de moda. “No início, fazia um pouco o jogo, porque também sei ser chique: fazer um cabelo convencional, uma maquiagem leve etc. Mas aquilo para mim era fantasiar-me. Eu não sou aquilo! E o legal é que os próprios costureiros começaram a entrar no meu barato, entender o meu estilo e proposta estética e fazer roupas especiais para eu desfilar”, contou Elke sobre a época, quando tinha 24 anos.
Chacrinha versus Silvio Santos Elke começou a carreira de jurada no programa do Chacrinha. O apresentador conquistou a moça, que, até o fim, o chamava de “painho”. “Um dia, tocou o telefone com alguém me convidando para ir ao Chacrinha. Eu não conhecia porque não via televisão, mas aceitei. Então perguntei a um amigo sobre como era o tal programa e ele me disse que era um programa de auditório que tinha um apresentador que tocava uma buzina o tempo todo. Achei legal, comprei uma buzina e entrei lá buzinando; o Painho se encantou comigo e eu com ele. Foi assim que começou.” O bom relacionamento, contudo, não foi o mesmo com Silvio Santos. Elke chegou a dizer que Silvio era “a pior pessoa do mundo” em entrevista à revista
Isto É. Em outras ocasiões, repetiu a fala e afirmou que não o considerava um amigo.
Oito maridos Elke passou por oito casamentos. O primeiro marido foi quem a incentivou a ser modelo. Eles passaram 7 anos e meio juntos. O relacionamento mais curto durou 2 meses: “Era um psicopata”, conta. Seu último companheiro foi o artista plástico Sasha, 27 anos mais jovem, com quem ficou por 13 anos. “Quando eu disse que queria me separar porque não sentia mais desejo, o Sasha perguntou ‘Tem mesmo que separar?’. Eu disse que sim, porque talvez ainda esteja no carma dele casar e ter filhos. Se ele tivesse a minha idade, a gente podia continuar esquentando um o pé do outro. Eu nunca quis ter filhos porque não saberia educar uma criança. Fiz três abortos, sem a menor culpa”, contou Elke ao jornal
O Globo.
*Veja