Uma trama por dia, quatro dias por semana, por cinco semanas. É com essa estrutura similar à da série Em Terapia – vertida por Selton Mello, no Brasil, para Sessão de Terapia – que a Globo pôs no ar na noite desta segunda-feiraJustiça, texto de Manuela Dias com um elenco apurado e uma direção precisa de José Luiz Villamarim (de O Rebu e Amores Roubados). Na série sobre o cotidiano de um psicólogo, a cada dia o protagonista recebia um paciente diferente, que falava de seus dramas e de suas dores. Justiça é semelhante: nesta segunda-feira, a minissérie apresentou a história de Elisa (Debora Bloch), advogada que viu a única filha, Isabella (Marina Ruy Barbosa), ser assassinada pelo noivo, Vicente (Jesuíta Barbosa), enquanto tomava banho nua com o amante, e deu início a um plano de vingança no dia em que ele deixou a prisão, sete anos depois do crime. Essa história será retomada segunda-feira que vem. Debora e especialmente Jesuíta, como um playboy ciumento, tiveram atuações irreparáveis. Já Marina Ruy Barbosa enlouqueceu as redes sociais ao aparecer nua na cena do assassinato.
O primeiro dos vinte capítulos da minissérie mostrou também, por vezes de passagem, e de forma totalmente natural, personagens que vão protagonizar os outros dias da semana. Viu-se por exemplo Adriana Esteves, que deve ser a personagem principal das terças-feiras, como empregada doméstica da advogada vivida por Debora Bloch. Em uma cena, ela menciona que o marido trabalha como motorista de ônibus na empresa do pai de Vicente, que faliu, levando o filho ao desespero – e ao crime. Fátima, a doméstica, também irá presa, mas injustamente, por ter drogas plantadas em sua casa.
O galã Cauã Reymond apareceu duas vezes, como Maurício, o contador do pai de Vicente, que vê a namorada ser atropelada no momento em que Elisa deixa um restaurante fino no Recife, cidade que é palco de Justiça — apesar da localização, não há sotaque forçado, pelo que o público agradece de joelhos. Maurício irá preso por atender ao pedido da amada, Beatriz (Marjorie Estiano), que fica tetraplégica e quer que ele cometa eutanásia.
À medida que a série avançar, as histórias e os personagens tendem a se cruzar ainda mais. Em comum, cada dia da semana acompanhará a vida após a prisão de quatro personagens que passaram sete anos encarcerados e abordará as dificuldades que enfrentarão para se recolocar e para enfrentar o passado, que sempre retorna. Tem um quê de Dancin’ Days aí: a icônica novela dos anos 1970 trazia Sonia Braga como Júlia, uma ex-detenta que lutava para recomeçar a vida depois de atropelar e matar, bêbada e sem querer, um vigia. Mas Justiça parece se propor a algo mais que suavizar o estigma social de um ex-detento. A série vai discutir os rumos do sistema judiciário e, essa é a promessa, trazer um enredo rico e um elenco embalado. A ver.
*Veja
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