A minissérie Justiça começou incomodando não apenas a concorrência da Globo, mas também a Polícia Militar do Rio, que viu no personagem de Enrique Diaz, um sargento anti-ético, um desrespeito à farda. Em uma nota de repúdio publicada na última sexta-feira, a PM fluminense pede que o público deixe de assistir ao novo programa da Globo. E é vasto o público em questão: na Grande São Paulo, a primeira semana da minissérie registrou média de 28 pontos no Ibope, com 44% de participação. São 6 pontos a mais do que a faixa obteve em junho e julho.
Na minissérie, o personagem Douglas (Enrique Diaz) é um policial militar que planta drogas na casa de sua vizinha Fátima (Adriana Esteves) como vingança por ela ter matado seu cachorro. “Esse tipo de programa (…) deseduca o cidadão. Estimula o desrespeito à Polícia”, diz a nota. “O que estará pensando a viúva ou um órfão de um policial, herói de verdade, que perdeu sua vida no combate ao crime? O que estará pensando o filho de um policial, herói de verdade, que ficou paraplégico na luta contra o crime?”, questiona o coronel.
Como forma de protesto, a instituição pede boicote à minissérie: “Aos Policiais Militares e seu familiares, é sugerido que façam o que de melhor pode ser feito diante de um programa de péssimo gosto e pouca criatividade: MUDEM DE CANAL”.
Em nota, o departamento de comunicação da Globo afirmou que Justiça “não tem a intenção de ofender qualquer profissão ou instituição”. A emissora afirma que a minissérie é uma obra de ficção — o que é sinalizado ao final de cada capítulo — e que não “tem a intenção de ofender qualquer profissão ou instituição”. Ainda segundo a Globo, a minissérie não é sobre a polícia mas sobre “quatro histórias independentes que se conectam e que têm em comum um fato dramático acontecido em uma mesma noite de 2009”.
*Com Estadão Conteúdo
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