O presidente Michel Temer (PMDB) disse que o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi um “exemplo ao mundo”. Ele abriu, nesta terça-feira, a 71ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. O tema do encontro deste ano são os “objetivos do desenvolvimento sustentável”.
Segundo Temer, o processo “transcorreu dentro do mais absoluto respeito constitucional”, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira. “O fato de termos dado esse exemplo ao mundo implica que não há democracia sem Estado de direito, sem normas que se apliquem a todos, inclusive aos mais poderosos”, afirmou Temer. O presidente concluiu dizendo que, no Brasil, há “um Judiciário independente, um Ministério Público atuante e órgãos do Executivo e do Legislativo que cumprem com o seu dever”.
Inicialmente, havia a expectativa de que Temer evitaria questões pontuais, como o impedimento de Dilma e a tese de golpe. O presidente também focou sua fala na situação econômica do país ao dizer que o objetivo de seu governo “é retomar o crescimento econômico e restituir aos trabalhadores brasileiros milhões de empregos perdidos”, e na busca pela retomada de confiança do mercado internacional. “A confiança já começa a se restabelecer e um horizonte mais próspero já começa a desenhar-se”, afirmou Temer aos Chefes de Estado e de Governo que estão em Nova York.
No início de seu discurso, o peemedebista disse que o país atua com os “pés no chão e sede de mudança na nossa região e além dela”. “[O Brasil é] um país que persegue seus interesses sem abrir mão de seus princípios. Queremos para o mundo o que queremos para o Brasil: paz, desenvolvimento sustentável e respeito aos direitos humanos. Esses são os valores e as aspirações da nossa sociedade. Valores e orientações que nos orientam no plano internacional”, disse Temer.
Temer citou os desafios para o combate ao tráfico de drogas e às armas de fogo, que “se faz sentir em nossas cidades, escolas, famílias”. Segundo ele, o combate ao crime organizado requer trabalho “de mãos dadas”. “A segurança de nossos cidadãos depende da nossa ação coletiva”, afirmou ele.
A guerra na Síria também foi citada pelo presidente brasileiro, que declarou ser “inadiável” uma solução política. Ele ressaltou que as maiores vítimas do conflito são mulheres e crianças e disse que é preciso garantir “acesso a ajuda humanitária da população civil”. Temer também falou sobre a questão de Israel e Palestina, que reivindicam seu próprio espaço. “O Brasil apoia a solução de dois estados em convivência pacífica, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”.
O presidente falou, ainda, sobre a agenda nuclear, afirmando que “são milhares de ameaças à paz e a segurança internacional”. “O mais recente teste nuclear na península coreana não nos deixa esquecer o perigo da proliferação nuclear”, disse Temer, a respeito dos recentes testes nucleares coreanos. Ele também ressaltou a atuação brasileira na questão, dizendo que o país “fala com a autoridade de quem tem uso de energia nuclear para fins estritamente pacíficos”.
Refugiados
Nesta segunda-feira, o peemedebista fez seu primeiro discurso na ONU, durante reunião sobre refugiados e migrantes com outros líderes mundiais. Ao longo de sua fala, feita em português, Temer destacou que o Brasil tem cerca de 80.000 haitianos com permanência registrada e mais de 2.000 refugiados sírios reconhecidos pelo governo.
Ele também reafirmou o empenho do país em acolher cidadãos que fogem de conflitos e desastres naturais. “Estamos engajados em iniciativas de reassentamento de refugiados de nossa região, com atenção especial para mulheres e crianças”, afirmou Temer.
*Veja
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