O ministro da Justiça, Alexandre Moraes, se encontrou com o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Disney Rosseti, na última sexta-feira, dois dias antes de, numa conversa informal com integrantes de movimentos sociais, em Ribeirão Preto (SP), dizer que nesta semana haveria mais uma fase da Lava Jato. A reunião está registrada na agenda oficial do ministro e ocorreu entre as 14 e 15 horas na sede da PF, em São Paulo.
A declaração provocou suspeitas de que o ministro tivesse sido informado com antecedência da operação Omertà, 35ª fase da Lava Jato, que prendeu ontem o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Antonio Palocci. Ao ser detido, o petista foi encaminhado primeiramente para a PF em São Paulo e depois para Curitiba. A fala provocou desconforto com o presidente Michel Temer, que desde que assumiu a Presidência se empenha em afastar as críticas de que seu governo tenta interferir na operação.
Como não estava em Brasília, o ministro conversou ontem por telefone com o presidente, que o advertiu e aceitou as suas explicações. Por fim, decidiu não demiti-lo, mas a impressão que ficou entre os seus auxiliares é que esta foi sua última chance, segundo informações do jornal O Estado de São Paulo.
Moraes deve se encontrar às 18 horas desta terça-feira com Michel Temer, em reunião ministerial no Palácio da Alvorada.
Na coletiva convocada para detalhar a Operação Omertà, o delegado da PF Igor Romário de Paula leu nota oficial da corporação, negando que o ministro tenha sido informado sobre a ação. “O Ministério da Justiça não é avisado com antecedência sobre operações especiais. No entanto, é sugerido ao seu titular que não se ausente de Brasília nos casos que possam demandar sua atuação, não sendo informado a ele os detalhes da operação”, diz a nota.
No domingo, em evento de campanha do candidato à prefeitura de Ribeirão Preto (SP) Duarte Nogueira (PSDB), o ministro antecipou a operação de ontem. “Teve na semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim”, disse ele, na ocasião. Depois, diante da repercussão negativa da fala, negou que houvesse sido avisado antes, explicando que falou isso apenas por “força de expressão”.
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