O ex-executivo da Odebrecht, Alexandrino Alencar, entregou novas informações sobre a reforma do sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sobre as viagens que fez com ele para países da África e América Latina em sua negociação de delação premiada, segundo a edição desta terça-feira do jornal Folha de S. Paulo.
Alencar, considerado o ex-executivo mais próximo do petista, prestou dois depoimentos aos procurados da Lava Jato. Em Curitiba, sua delação premiada foi rejeitada devido aos investigadores perceberem que ele estava ocultando fatos para proteger Lula. No dia 18 de outubro, Alencar prestou outro depoimento, desta vez em Brasília, com novas versões sobre o sítio e as viagens. Com isso, os procuradores já sinalizaram que vão aprovar os termos do acordo.
O ex-executivo vai integrar o grupo que deve ter entre 70 e 80 executivos da Odebrecht que estão negociando acordos com procuradores da Lava Jato em Brasília e Curitiba. Ele foi diretor de Relações Institucionais da Odebrecht e é apontado como um dos operadores de propina da empresa. Em 2015, Alencar foi condenado a 15 anos de prisão e está em liberdade.
Segundo as investigações, Alencar atuou na reforma do sítio de Atibaia e, em sua proposta de delação, o ex-executivo relata fatos sobre a reforma após a saída de Lula do Palácio do Planalto. O sítio usado por Lula foi reformado em um consórcio informal realizado pela Odebrecht, OAS e o pecuarista José Carlos Bumlai – o consórcio bancou a construção de um anexo e quatro suítes. As obras iniciaram quando Lula ainda estava na presidência da República, o que pode ser considerado crime de corrupção
No depoimento prestado em Brasília, Alencar relata também pagamentos e interesses da empreiteira em receber apoio do ex-presidente. Ele foi um dos principais companheiros de Lula em viagens pela África, Angola, Cuba, Panamá e Peru – sempre realizados em jatinhos da Odebrecht.
Em nota, o Instituto Lula diz que “a defesa do ex-presidente já entrou com pedido de investigação na PGR [Procuradoria Geral da República] sobre mudança de versões em duas tratativas de delação –as de Alexandrino Alencar e Léo Pinheiro [da OAS]– pelo risco de coação pelos investigadores para obterem versões contrárias ao ex-presidente, e pela perda do princípio da voluntariedade, o que tornaria tais delações nulas”. Ainda segundo a nota, “se delações não são provas, apenas meio de investigação, mais irrelevantes ainda são supostas delações”. Procurada, a Odebrecht não quis se pronunciar.
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