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Joe Rogan: mentiras e preconceitos do podcaster que fez Neil Young pedir para sair do Spotify
Apresentador contratado pelo Spotify tem histórico de informações falsas - de vacinas a incêndios nos EUA - e de falas racistas e transfóbicas. Empresa mantém podcast no ar mesmo sob críticas.
27/01/2022 18h38
Por: Tribuna Popular Fonte: g1
- Joe Rogan — Foto: Divulgação / Spotify

Neil Young não é o único que quer distância de Joe Rogan. O apresentador causa controvérsia há vários anos, ao mesmo tempo em que ganha milhões de ouvintes nos EUA.


O Spotify começou a remover as músicas de Neil Young, que exigiu que a plataforma retirasse do ar um episódio de um podcast de Rogan com mentiras sobre a Covid. Em caso contrário, ele preferia sair da plataforma - o que aconteceu.


Joe Rogan tem histórico de falas preconceituosas, com racismo e transfobia, e também de informações falsas - não só sobre as vacinas. Mesmo assim, ele é extremamente popular nos EUA.


Joe Rogan, 54 anos, é comentarista de UFC, humorista e apresentador. O "The Joe Rogan Experience" é o podcast mais ouvido do Spotify, que tem os direitos do programa. Segundo o "Wall Street Journal", a empresa pagou mais de US$ 100 milhões pela exclusividade do podcast.


Desde que fechou contrato com Joe Rogan, o Spotify é alvo de críticas. A empresa sueca tenta contornar as controvérsias sem perder seu apresentador que atrai cerca de 11 milhões de ouvintes por episódio.


O site da revista "Variety" descobriu em 2021 que o Spotify, sem alarde, tirou do ar alguns dos episódios mais problemáticos, como a entrevista com um líder do grupo supremacista branco Proud Boys, que dizia que os muçulmanos não deveriam se misturar às pessoas de países ocidentais.


Veja algumas das mentiras e preconceitos de Joe Rogan:


Vacinas não são necessárias

A declaração que fez Neil Young sair do Spotify ecoa desinformação sobre vacinas contra a Covid. "Se você tem uns 21 anos e diz para mim: 'Será que eu devo me vacinar?'. Eu digo que não", Joe Rogan afirmou para seus milhões de ouvintes.


Ele disse que se uma pessoa estiver saudável não precisa tomar a vacina. A fala foi tão irresponsável que recebeu resposta de Anthony Fauci, que foi o principal cientista dos EUA no combate à Covid. "Isso está incorreto", ele cravou em uma participação no programa "Today".


Joe Rogan também já usou o programa várias vezes para defender medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid.


No dia 12 de janeiro de 2022 um grupo de 270 cientistas dos EUA divulgou uma carta aberta ao Spotify criticando Joe Rogan pelo "histórico preocupante de transmitir desinformação, especialmente sobre a pandemia de Covid" e pedindo à empresa políticas mais claras para moderar este conteúdo.


Transfobia e racismo

Joe Rogan já teve diversas falas criticadas por pessoas trans e defensores dos direitos LGBTQIA+. Em 2013, por exemplo, ele disse sobre uma lutadora trans: "Ela se chama de mulher... mas eu discordo". Ele também já disse que ela era "um homem sem um pênis".


Ele também ofendeu as irmãs Kardashian e disse que talvez Caitlyn Jenner tivesse "se transformado em uma pi*anha" por ter convivido com elas. Caitilyn respondeu ao site TMZ: "Ele é um homofóbico e transfóbico."


Outro tipo de ofensa repetida por Rogan é um termo racista contra pessoas negras - em um vídeo, ele pronuncia diversas vezes a "palavra com N". Outro vídeo mostra o apresentador comparando um bairro de pessoas negras ao filme "O Planeta dos Macacos".


Falsos incêndios

Em 2020, Rogan repassou aos seus milhões de ouvintes a informação falsa de que "ativistas" de esquerda teriam colocado fogo em florestas do Oregon e causado os enormes incêndios que devastavam a região na época.


Depois, ele se desculpou no Twitter, dizendo que "foi irresponsável de não conferir antes de repetir" a informação.


Graça de abuso sexual

Outro episódio muito criticado de Joe Rogan foi quando o comediante Joey Diaz foi ao seu programa e afirmou que forçava mulheres a fazerem sexo em troca de poderem se apresentar em um clube de comédia. Ele conta detalhes dos abusos enquanto Joe Rogan bate palmas e ri.


Alinhamento: EsquerdaTamanho: Original

Neil Young sai, Joe Rogan fica

Neil Young, que sobreviveu à pólio quando criança, publicou brevemente uma carta em seu site endereçada ao seu empresário e sua gravadora, Warner Music Group, exigindo que o Spotify não disponibilizasse mais suas músicas. A carta foi posteriormente apagada.


Em uma segunda publicação, o cantor afirmou que a plataforma "se tornou o lar de desinformação que coloca vidas em risco" e que tem "mentiras vendidas por dinheiro".


O Spotify se defendeu das acusações em declaração nesta quarta, na qual afirma que removeu mais de 20 mil episódios relacionados à Covid desde o começo da pandemia, mas que busca equilibrar a segurança dos ouvintes com a liberdade para criadores.


"Sentimos muito pela decisão de Neil em remover sua música do Spotify, mas esperamos recebê-lo de volta em breve."


Em seu site, Young afirmou que ficou sabendo do problema ao saber da união de centenas de cientistas, professores e especialistas em saúde pública em um pedido para que a plataforma retirasse do ar um episódio do podcast de Rogan. Nele, o apresentador conversava com imunologista que, segundo o grupo, divulgava "diversas mentiras sobre vacinas contra a Covid".