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Mulher que tomou chá emagrecedor morre após rejeição de fígado transplantado
Gastroenterologista do Hospital das Clínicas de São Paulo afirmou em rede social que paciente teve hepatite fulminante após uso de chá de 50 ervas, entre elas chá verde, carqueja e mata verde. Família afirma que vítima não tinha nenhum problema prévio de s
04/02/2022 18h48
Por: Tribuna Popular Fonte: g1
- Mara Abreu, enfermeira, morreu após um transplante de fígado no Hospital das Clínicas, em São Paulo — Foto: Reprodução/Redes Sociais

A enfermeira Mara Abreu, que tomou cápsulas de um chá emagrecedor, morreu nesta quinta-feira (3) após complicações de um transplante de fígado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, segundo amigos e familiares disseram ao g1. Uma médica gastroenterologista da unidade usou uma rede social para alertar para os riscos de tomar chás emagrecedores após Mara ter sido internada no hospital.


Mara Abreu tinha 42 anos e era enfermeira no Hospital Santa Joana. Seu corpo foi cremado e o velório ocorreu nesta sexta-feira (4) no Funeral Tatuapé, na Zona Leste da capital.

Segundo Márcia Cristina Oliveira, prima de Mara, o corpo da enfermeira rejeitou o fígado transplantado no último domingo (30), e ela estava à espera de um novo doador. De acordo com a prima, ela não tinha problemas de saúde prévios e não fazia uso de outros medicamentos.


Em entrevista ao g1, Márcia Cristina contou que sua prima foi internada com dores abdominais no último dia 18 no Hospital Santa Joana, onde estava trabalhando. Ela foi diagnosticada com problemas no fígado e seu quadro se agravou rapidamente. No dia 21, Mara foi transferida para o Hospital das Clínicas e passou a figurar na fila de espera por um transplante de fígado.


De acordo com a prima, os médicos do HC começaram a investigar qual poderia ser o remédio por trás do quadro de hepatite medicamentosa. A pedido da equipe médica, os familiares ajudaram na busca e encontraram o chá em cápsulas.


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"Aí a gente começou a fuçar as coisas dela, e encontramos na gaveta dela esse chá em cápsulas, e levamos para eles. Foi quando eles constataram, pela composição daquelas cápsulas, que tudo ali era prejudicial ao fígado", disse Márcia.

Nas redes sociais, a médica Liliana Ducatti Lopes, que é cirurgiã do aparelho digestivo e realiza transplantes de fígado, disse que a paciente teve hepatite fulminante após tomar um chá emagrecedor de 50 ervas, incluindo chá verde, carqueja e mata verde.


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Médica faz alerta

No vídeo publicado no Instagram, Liliana afirmou que na literatura médica há casos semelhantes ao da paciente, que não tinha nenhum problema de saúde prévio e desenvolveu uma falência aguda do fígado gravíssima.


"São casos dramáticos", afirma a médica.

De acordo com Liliana, sempre que recebe esses pacientes, a primeira coisa que faz é investigar a causa.


"Na grande maioria das vezes [a causa] é medicamentosa. Alguns medicamentos, como anabolizantes e outras medicações usadas, por exemplo Roacutan. Mas, normalmente, se faz uso desses medicamentos com acompanhamento médico e exame de sangue para ver como está a saúde do fígado."
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No caso de Mara, no entanto, os médicos não tinham conhecimento de medicações que poderiam ter levado ao problema, até que a família levou ao consultório um frasco de chá emagrecedor com 50 ervas, de acordo com Liliana.


"Quando olhamos o rótulo dessa medicação já podemos identificar diversas ervas conhecidas por serem hepatotóxicas, por fazerem mal ao fígado. Dentre elas, a mais comum e mais conhecida é o chá verde. É muito bem descrito na literatura, há vários relatos e papers que mostram casos de hepatite fulminante causada por uso de chá verde."


De acordo com a médica, além do chá verde, carqueja e mata verde também são ervas conhecidas na literatura médica por serem prejudiciais ao fígado.


"Nós recomendamos não fazer o uso desse tipo de medicação: chá que desincha, chá detox, natural, erva... Não faça uso, desaconselhe as pessoas que você conhece. Isso tudo é charlatanismo e são descritos como hepatotóxicos, fazem mal para o fígado sim e podem levar à necessidade de um transplante de fígado."