O recado é simples e sem rodeios: ‘Ladrão de mandioca. Tô vendo’. Helio dos Santos Lopes, de 65 anos, pintou à mão o aviso no muro da casa onde vive no Bairro Tijuca. Para proteger a plantação, ele também instalou uma câmera de segurança, mas não adiantou. Das seis mudas, Hélio e a família só conseguiram comer uma.
As mandiocas na calçada se foram, mas o aviso continua desbotando no muro há mais de dois anos. Na varanda da residência, ele relata que por pouco não flagrou o ladrão. “Ali não tem calçada, foi feito um mandiocal e os caras vinham e roubaram. A mandioca às vezes nem estavam no ponto e eles arrancavam. Eu coloquei um aviso e a câmera. Duas vezes quase peguei eles, eu estava monitorando. Plantar ninguém quer, mas roubar fica fácil”, desabafa.
Apesar de nunca ter conseguido pegar o responsável no ato, Helio diz que contou pra todos na vizinhança quem era. “Pagamos ele, mostrei pros vizinhos, porque nós temos um grupo de WhatsApp. Aí quem tem câmera joga as imagens no grupo. [...] Era da vizinhança, foi embora, porque aqui tem uns lugares de aluguel, então é muito rotativo”, afirma.
O responsável por criar o mandiocal foi o sobrinho neto de Hélio, Vinícius Rafael Pereira, de 19 anos. O jovem gosta de mexer com terra e foi quem plantou a mandioca e cuida das demais mudas que embelezam o jardim da casa de verde.
“Ele gosta de mexer com terra, ele trabalhava no Recanto das Ervas e aprendeu, se encantou com a horta que é linda e se empolgou com o negócio. Ele ajuda com as plantas que tem aqui em casa”, relata Hélio.
Vinícius diz ter ficado triste com a situação, mas em seguida ri ao contar que pelo menos uma mandioca virou refeição. “Conseguimos comer um pé só", fala.
Depois, Vinícius mostra a muda de melão e amora que plantou recentemente, aponta os morangos cultivados no vaso e vai falando das demais plantas da casa. Plantar mandioca, segundo o jovem, não tem segredo. “O jeito que eu faço é mais rápido. Eu coloco num copinho com terra e daqui uns 15 dias começa a sair o broto”, explica ele sobre
Após o final triste das mandiocas, Vinícius e nem Helio pensam em recomeçar a plantação. “Quero fazer calçada, até o final do ano consigo fazer”, conclui o morador de 65 anos.
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