Além do BBB 23, a TV Globo estreia nesta segunda-feira (16) sua nova novela das sete: "Vai na Fé". A obra se diz revolucionária e representa um divisor de águas na emissora, que tenta se aproximar do público evangélico com uma novela de temática (mais ou menos) "gospel". Só que um possível erro de percurso pode fazer o tiro sair pela culatra.
Isso porque, ao abordar o universo evangélico com uma protagonista convertida nesta religião, o folhetim vai misturar seu passado como funkeira. Daí nasce o conflito inicial.
A trama que vai movimentar os primeiros capítulos gira em torno da mocinha Sol (Sheron Menezzes), que agora é casada, tem filhos e frequenta a igreja assiduamente. O problema é que ela foi uma dançarina de funk na adolescência e a juventude vai voltar para "tentá-la".
Com dificuldade para fechar as contas, a evangélica receberá uma proposta para voltar a dançar funk e considerará a ideia. Xiii! Será que os evangélicos vão aprovar isso?
De acordo com colunistas de TV, a trama na pegada "gospel" teria a intenção de aproximar os "crentes" que odeiam a Globo e preferem a Record TV com suas novelas bíblicas. Mas o próprio enredo pode causar o revés.
Com o protagonismo evangélico, "Vai na Fé" vai mostrar personagens defendendo a religião, frequentando os cultos, cantando na igreja, e os conflitos morais entre os personagens. O desafio estará entre não parecer um "palanque" para a pregação e, ao mesmo tempo, não desrespeitar a fé e as convicções alheias.
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"Vai na Fé" é uma novela de Rosane Svartman, autora de sucessos como "Malhação (2012), Intensa como a vida", "Totalmente Demais" (2015) e "Bom Sucesso" (2019). Ela, no entanto, nega que sua trama seja religiosa e, muito menos, evangélica.
"Vai na Fé é diferente das outras duas novelas. Essa é o que chamamos de 'novela mosaico'. Não tem só um universo. A novela se passa em diferentes territórios", garante Rosane, em coletiva de imprensa.
Portanto, para exemplificar, a escritora destaca esses outros universos que afirma que sua novela abordará. "A gente tem Lumiar, onde há uma vida alternativa, fora do urbano; o universo jurídico, a universidade onde vamos falar de meritocracia e outros assuntos de pessoas que querem mudar o mundo e precisam mudar suas vidas; o mundo pop; e uma família super positiva, que mora no bairro da Piedade. São vários universos que dialogam", afirma.
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Quanto aos termos "novela gospel" e "novela evangélica", Rosane Svartman nega. "Nenhum dos assuntos é religiosidade e nenhum dos pilares é o funk. Eles fazem parte da construção de alguns personagens", assegura a autora.
Assim, ela acrescenta dizendo que a trilha não será composta de músicas evangélicas. "Nossa trilha é urbana, contemporânea, profundamente pop. A gente não elege, não elenca nenhum estilo musical como protagonista. A novela flerta com todos os ambientes musicais que a gente achar pertinente", pontua.
"Vai na Fé contempla essa multiplicidade de temas propostos. A novela não é gospel. Um dos universos tem uma família cristã. As práticas dessa família fazem com que ela conviva com música gospel. Os personagens cantam ou louvam músicas religiosas, sem que estejam focados nisso", comenta a autora.
Só que, mesmo com a explicação de Rosane Svartman, "Vai na Fé segue sendo intitulada dessa maneira pelo público geral e pela imprensa: como uma trama evangélica.
Misturando funk e religião, ainda que a escritora afirme que não estes não são os focos, "Vai na Fé" representará os evangélicos. Estes que já têm seus problemas com a emissora.
No entanto, essa representação aproximará esse público, ou dobrará a revolta dos fiéis, os afastando ainda mais? É conferir para ver.
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