Lançado em 1997, “Titanic” foi um sucesso imediato. À época, tornou-se a maior bilheteria a história. Ainda hoje, o filme perpetua na mente dos telespectadores e consta na lista das maiores arrecadações do cinema.
Neste ano, o longa completa 25 anos e retorna às telonas nesta quinta-feira (9).
Em entrevista coletiva, a qual a CNN participou, o diretor James Cameron falou sobre o retorno do filme aos cinemas – e a experiência que o local proporciona-, a influência da produção na indústria cinematográfica e por que o título continua sendo um sucesso.
Ele também revelou como teve a ideia da história e o que seu último sucesso, “Avatar: O Caminho da Água”, tem em comum com “Titanic”.
Leia abaixo os destaques da coletiva de imprensa.
Cameron assistiu ao filme “Somente Deus por Testemunha” (1958), que conta a história do naufrágio, e pensou como aquela ambientação seria o cenário perfeito para uma história de amor.
Em paralelo, ele sempre foi apaixonado pelo oceano. Antes de ser diretor, era mergulhador – o que continua fazendo até hoje se aproveitando do dinheiro que fez com a produção.
O cineasta trabalhou no Instituto Oceanográfico de Woods Hole – local que ficou famoso pela descoberta e exploração inicial do Titanic. Lá, ele presenciou as descobertas tecnológicas que estavam fazendo para adentrar no oceano.
Com esses artefatos, ele conseguiu explorar o interior do navio Titanic.
“Eu coloquei meu amor pela história junto com essa tecnologia, e esse foi o início de Titanic. Cheguei a isso com duas paixões. Uma era história e narrativa, e o outro era meu amor pela tecnologia e exploração do oceano profundo. E eles realmente se formaram nesse incrível ciclo de feedback criativo”, disse.
Cameron ainda ressaltou que seu amor pelo oceano é o que une “Titanic” e “Avatar: O Caminho da Água”, e revelou que a história da sua franquia de sucesso continuará no fundo mar.
O diretor disse que se a produção fosse feita atualmente, ele ainda contaria uma história de amor. O que seria diferente seria a questão técnica.
“Filmaríamos o mesmo roteiro, teríamos os mesmos valores, a cinematografia seria a mesma. Mas não estaríamos construindo um cenário 250 metros de comprimento e amarrado todas as luzes e cada pedaço de cabo em toda Hollywood”, disse.
O produtor Jon Landau, que também participou da coletiva, disse ser grato por terem criado o cenário: “havia algo ótimo em ir para aquele set”.
O cineasta relembrou as temáticas abordadas no filme, argumentando que elas continuam atuais, por isso a história continua perpetuando na mente do telespectador.
Os ricos e os pobres. Os que têm e os que não têm. As pessoas que sobrevivem e as pessoas que morrem.
A disparidade entre as classes sociais está presente na tragédia: “Na terceira classe, quase todos os homens e cerca de metade das mulheres e crianças morreram. Na primeira classe, cerca de metade dos homens e quase todas as mulheres e crianças sobreviveram com apenas uma ou duas exceções”.
“Foram as pessoas ricas no Titanic, sua impaciência para chegar a Nova York e o capitão respondendo à rica base de clientes que causou o naufrágio em primeiro lugar. E foram os pobres que sofreram, numericamente”, disse Cameron.
O cineasta ainda atribui à arrogância humana o fato de que o navio foi considerado inafundável: “Eles o operaram mal e ele afundou”.
Cameron ressaltou que o mundo agora enfrenta outra crise, a mudança climática, e fez um paralelo com o filme.
“Fomos avisados ??sobre isso por anos, vemos isso vindo direto para nós, não podemos virar o navio. É exatamente como o maldito iceberg. Vamos bater de frente e adivinha quem vai sofrer mais? Os pobres”, comentou.
O produtor Jon completou: “É por isso que o filme continua a ressoar com o público em todo o mundo. Isso não é apenas algo que toca em um país, mas em todos esses países com os quais conversamos hoje em todos os lugares”.
Deixando a parte intelectual de lado, seguir a apenas a emoção da história pode ser uma opção.
Diferente de outras tragédias, Titanic tem um “tipo de qualidade novelística duradouro, quase mítica”, pontua o diretor.
O coração partido. A tristeza. A beleza. O amor. A tragédia. A beleza da história de amor que termina tragicamente. Você pode ter uma comédia romântica e eles podem se beijar no final e ir para o pôr do sol, mas há algo muito mais poderoso sobre uma história de amor que contém perdas
Além disso, o diretor aponta o alto padrão do filme para a época como motivo de lembrança no coletivo.
Segundo Cameron, o principal legado de “Titanic” é a longa duração.
“Historicamente antes do Titanic, a sabedoria, que prova não ser verdade, era que um filme longo não dá dinheiro”.
A argumentação era que as pessoas não assistiram um filme de mais de três horas e, além disso, a estúdio perde uma exibição por dia.
A produção provou o contrário, ficando por 15 semanas em primeiro lugar nas bilheterias em 1997 e entrando para o Top 5 das maiores arredações da história do cinema.
Cameron argumenta que a maioria das pessoas se lembra da primeira vez que viu “Titanic”: onde estavam, em qual fase da vida, os relacionamentos.
“Titanic nos liga a momentos no tempo porque tem uma espécie de atemporalidade em si”, disse.
Apesar da facilidade de encontrar o filme na TV e assistir no sofá de casa, o diretor defende a experiência do cinema.
Nas telonas, não é possível pausar o filme, assistir em duas ou três noites consecutivas porque é mais conveniente para a programação, fazer várias tarefas ao mesmo tempo, pedir uma pizza, pegar uma cerveja na geladeira ou o que for.
É um passeio e a emoção começa a crescer em você. Você sente uma maior sensação de presença, e o 3D até ajuda nisso porque atualizamos o filme. Você chega ao fim daquela experiência, daquela sessão de três horas, é devastador de uma forma que não vai acontecer em casa, e as pessoas sabem disso
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