Política Política
China deve ignorar apelo de Lula para entrada do país na Guerra da Ucrânia
O presidente deve visitar o país em março e a inclusão da China no grupo de paz de Lula deve ser um dos focos
08/02/2023 10h11
Por: Tribuna Popular Fonte: CNN Brasil
Valter Campanato/Agência Brasil - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Fontes ligadas ao Partido Comunista Chinês afirmam que os apelos de Lula para a entrada da China em grupo pela paz na Ucrânia “devem entrar por um ouvido e sair por outro”. Os chineses devem inclusive pedir para que o assunto guerra seja retirado da pauta durante a visita de Lula ao país.


Sempre que provocadas sobre a guerra, autoridades chinesas têm se posicionado no sentido de dizer que o mundo quer empurrar para a China um fardo que não é seu.


A viagem de Lula a China deve acontecer em março e o ministro das relações exteriores Mauro Vieira deve ir à Índia nos dias 1º e 2 de março, para a reunião ministerial do G20. Na Índia, Vieira deve participar de reunião bilateral com o chanceler chinês para preparar o terreno para Lula. É de praxe que aconteça uma visita ministerial antes da presidencial para definir o que vai entrar na pauta.


Procurado, o Itamaraty diz que ainda não divulgou a agenda oficial de viagens do presidente e do ministro.


Durante a visita do chanceler alemão Olaf Scholz ao Brasil, na semana passada, Lula falou sobre a ideia de se criar um “grupo de países” para encontrar uma solução para por fim à guerra entre Rússia e a Ucrânia. “E aí eu acho que nossos amigos chineses têm um papel muito importante. Eu, se for a China em março, como está previsto, quero conversar sobre isso com o presidente Xi Jinping. Está na hora de a China colocar a mão na massa.”, disse Lula na ocasião.


Após o encontro com Scholz, Lula também apontou que a Rússia errou ao invadir a Ucrânia, mas disse que “quando um não quer, dois não brigam”. A fala do presidente brasileiro despertou críticas na imprensa internacional de países do Ocidente, por insinuar que Volodymyr Zelensky seria tão culpado pela guerra quanto Vladimir Putin.


Fontes ligadas ao governo chinês dizem que Lula pode ter mais sorte ao falar de fome do que de guerra na Ucrânia. Lula e o presidente chinês Xi Jinping devem conversar sobre uma aliança África-China contra a fome e a pobreza.


O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, se encontrou com Zhu Qingqiao, embaixador chinês no Brasil, no dia 31 de janeiro. No encontro, falaram sobre como retomar as boas relações entre os países e debateram caminhos para o desenvolvimento social do Brasil.


Com o Grande Salto para a Frente e mudanças na estrutura econômica, a China tirou da pobreza mais de 800 milhões de pessoas. No encontro com o embaixador, Dias destacou: “A China tem experiências que se destacam globalmente com metas não só para fazer a retirada de pessoas da pobreza extrema, mas também para fazer crescer a classe média.


Da parte dos chineses, há interesse em abordar também parcerias no setor de energia.


Nesta segunda-feira (7), Mauro Vieira recebeu o embaixador Luiz Augusto Castro Neves, Presidente do Conselho Empresarial Brasil-China para discutir a retomada da relação econômico-comercial entre os países e os planos de visita do Presidente Lula à China.


Apesar de a China ser o principal parceiro comercial do Brasil, respondendo por 26% das exportações brasileiras, Lula optou por iniciar seu cronograma de viagens ao exterior por Argentina (3º parceiro, 4% das exportações), Uruguai (30º parceiro, 0,9% das exportações) e Estados Unidos (2º parceiro, com 11% das exportações), o que tem despertado análises sobre quais relações diplomáticas devem ser o foco da gestão Lula 3.


Segundo pessoas ligadas ao Partido Comunista Chinês, a ordem do cronograma de viagens de Lula foi notada. Até mesmo o fato de o ministro Mauro Vieira visitar a Índia antes da China causou incômodo.