O anúncio do retorno de Mike Tyson aos ringues aos 54 anos, mesmo em uma exibição de oito rounds, em 12 de setembro, em Carson, na Califórnia, diante de Roy Jones Jr., causou grande alvoroço entre os pesos pesados.
Tyson Fury, Anthony Joshua e Deontay Wilder, os três principais lutadores do momento na principal categoria do boxe, demonstraram interesse em um futuro combate com o ex-campeão mundial e aproveitaram a ocasião para apimentar o clima para um eventual duelo.
O britânico Joshua, dono dos cinturões da Associação Mundial de Boxe, Federação Internacional de Boxe e Organização Mundial de Boxe, admitiu que ficou impressionado com os vídeos dos treinamentos do “Iron Man” nas redes sociais. “Parece que ele quer voltar a dominar os pesos pesados, mas Tyson precisa entender que não tem mais condições físicas para isso.”
Tyson Fury, cujo nome foi colocado por seu pai, John Fury, para exatamente homenagear o ídolo americano (ele nasceu em 1988, a melhor temporada da carreira do Iron Man), não esconde sua admiração e ao mesmo tempo adverte para os problemas que o “cinquentão” poderá enfrentar em cima do ringue após 15 anos afastado.
“Acho que qualquer pugilista gostaria de dividir o ringue com Mike. Acho que eu precisaria de alguns minutos para me concentrar na luta. O problema é que a idade pesa para todo mundo. O tempo dele ficou para trás”, afirmou o atual detentor do cinturão do Conselho Mundial de Boxe.
Wilder, que deverá enfrentar Fury no fim deste ano, não usou de diplomacia para comentar o retorno de Tyson aos ringues. “Quem ele enfrentou? Quantos ex-campeões? Não teria a menor chance contra os lutadores atuais nem mesmo em seu auge”, desafiou o americano, dono de um cartel de 42 vitórias (41 nocautes), uma derrota e um empate.
Se os campeões atuais aproveitaram para acirrar as relações, Mauricio Sulaiman, presidente do Conselho Mundial de Boxe, afirmou que daria a autorização para que Tyson disputasse o título de sua organização. E mais: o colocaria em 15.º lugar no ranking antes mesmo de voltar a subir em um ringue. “Você não pode negar a oportunidade de alguém realizar um sonho”, completou o dirigente.
O empresário Eddie Hearn, conselheiro de Joshua, prevê total sucesso no retorno de Tyson. Seja para exibição ou profissionalmente. “É um evento garantido. Quem não gostaria de ver Tyson? É o tipo da luta que lota o Estádio de Wembley.”
Em compensação, o lendário George Foreman é contra ver Tyson novamente em ação. “Não é mais necessário. Ele está no Hall da Fama como um dos maiores pegadores da história”, disse Big George, que, em 1987, voltou a lutar após dez anos de aposentadoria, aos 38 anos. Foi campeão mundial pela segunda vez em 1994, aos 45 anos, e lutou até os 46.
Em 1986, quando se sagrou campeão mundial pela primeira vez, aos 20 anos, Tyson afirmou que seria o mais novo e também o mais velho a ganhar um cinturão. Resta saber se a promessa será enfim cumprida.
*Estadão Conteúo
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