O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na manhã desta quinta-feira (22), fez elogios à primeira-ministra de extrema-direita da Itália, Giorgia Meloni, durante uma entrevista coletiva em Roma, na qual fez um balanço de sua viagem oficial ao país.
Lula e Meloni se encontraram na tarde de quarta-feira (21), no Palazzo Chigi, sede do governo italiano, e discutiram temas como a questão climática e o desmatamento na Amazônia.
A correspondente da CNN Priscila Yazbek apurou com fontes do governo brasileiro que o encontro foi proposto há duas semanas, mas o convite só foi aceito de última hora.
Falando a repórteres nesta quinta, o presidente brasileiro disse que ficou “bem impressionado” com a primeira-ministra, a quem chamou de “jovem”.
“Digo jovem porque ela é muito jovem ainda. A primeira mulher primeira-ministra da Itália já é uma novidade extraordinária no meio de tanto homem. Ou seja, num mundo ainda muito machista, sabe, uma mulher ganhar a eleição na Itália é um fato extraordinário”, acrescentou Lula.
O presidente ainda afirmou que Meloni “é uma mulher que tem a cabeça no lugar, é uma mulher inteligente, e se não fosse inteligente não estaria onde está”.
“Temos de torcer para que ela consiga dar certo na Itália e a Itália possa crescer nas mãos da primeira-ministra”, concluiu.
Meloni é cofundadora do partido nacionalista “Irmãos da Itália” e é considerada a primeira-ministra mais de extrema-direita desde o ditador Benito Mussolini.
Lula argumentou que “quando um chefe de Estado se encontra com outro chefe de Estado, não está em jogo a questão ideológica”.
“Eu, para me encontrar com a primeira-ministra da Itália, a mim não importa o posicionamento político dela. O que importa é que ela é chefe de Estado da Itália, defende os interesses do povo italiano, eu estou chefe de Estado brasileiro, defendo os interesses do Brasil”, completou.
Nesse caso, Meloni é a chefe de governo do país, ocupando, desde outubro do ano passado, a presidência do Conselho de Ministros. Ela foi nomeada pelo chefe de Estado da Itália, o presidente Sergio Mattarella, com quem Lula também se reuniu na quarta-feira.
“Eu venho aqui para que a gente possa discutir, sabe, o que é importante fazer para que os dois países possam ganhar. A gente pode construir um sem número de atividades e coisas juntos. E é assim que a gente conversa. Em nenhum país do mundo que eu visito eu me preocupo com o pensamento ideológico do presidente. Eu, enquanto chefe de Estado, estou conversando com outro chefe de Estado, e é isso que eu levo em conta”, continuou Lula.
“Porque ele foi eleito pelo seu povo e eu fui eleito pelo meu povo. Quando tenho de escolher amizade pessoal, aí sim eu posso escolher alguém que eu goste ideologicamente. Tomar um vinho com alguém que eu goste politicamente, jantar com alguém que eu gosto politicamente. Mas quando se trata de Chefe de Estado, não existe nenhuma possibilidade de ter veto ideológico a qualquer pessoa”, completou.
Na abertura de seu depoimento na entrevista coletiva, Lula disse que acha “estranho” o fato de poucas autoridades italianas visitarem o Brasil.
“Ontem fiquei sabendo que a primeira-ministra [Giorgia Meloni] não conhece o Brasil e o presidente [Sergio] Mattarella também não”, declarou.
“Acho que é no mínimo estranho um país que tem 30 milhões de italianos não ter a visita dos governantes italianos. Por isso convidei tanto o presidente quanto a primeira-ministra para visitar o Brasil”, acrescentou.
Durante as reuniões brasileiras na Itália, o papa Francisco também foi convidado pela primeira-dama Janja da Silva para participar do Círio de Nazaré, em Belém, neste ano.
O pontífice foi presenteado com uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da Amazônia.