Às 6h, a dona de casa Terezinha Brandão dos Reis, 62 anos, foi a primeira na fila para acompanhar, hoje, o júri dos réus da morte do estudante Matheus Coutinho Xavier. A esperança é que alguma informação possa ser útil para reabrir o caso da morte do filho dela, o guarda municipal Fred Brandão dos Reis.
Reis morreu no dia 20 de abril de 2019, dias depois do estudante. A investigação inicial apurou que Reis teria se matado, mas havia indícios de “queima de arquivo”. Porém, sem conclusão sobre suicídio ou homicídio, o processo foi arquivado.
Nos dois casos, segundo Terezinha, um nome em comum: o do ex-guarda municipal Marcelo Rios. Ele é réu no processo da morte de Xavier, acusado de homicídio qualificado, por motivo torpe e emboscada, além de posse ilegal de arma.
“Estou junto com o PX [Paulo Xavier, pai de Matheus]”, disse Terezinha, que nunca acreditou na versão de que Reis tenha se matado. A dona de casa disse que o filho teve desavença com Marcelo Rios, na época em que fazia bico de segurança na Pantanal Cap.
“A minha expectativa é que saia alguma coisa para que reabram o processo do meu filho, o processo foi arquivado porque não acharam o assassino; estou ansiosa, já trabalhei muito em cima disso, desde que meu filho morreu, tem 4 anos que estamos nessa luta”.
Caso - Fred Brandão dos Reis morreu com tiro na boca no dia 20 de abril de 2019. Naquela madrugada, por volta das 5h, as polícias Militar e Civil foram acionadas para ir a endereço no Jardim Alto São Francisco, em Campo Grande, onde um guarda municipal supostamente havia se suicidado.
Conforme relatado à polícia naquele dia, o servidor teria tirado a própria vida após estuprar uma menina de 12 anos com quem tinha grau de parentesco, crime que não foi confirmado depois, ao longo das investigações.
O caso chegou a ir para as mãos dos promotores da Operação Omertà, por conta da ligação com Marcelo Rios e as inconsistências na versão de suicídio, como a inexistência de vestígios de chumbo nas mãos dele. O resíduo deveria ter ficado na pela da pessoa que atira.
A investigação foi realizada por meses, mas esbarrou em provas mais consistentes da participação de envolvidos na Omertà. O caso foi arquivado, mas com a ressalva de reabertura com novos indícios. Qualquer nova prova é sinal para a dona de casa. “Tenho muita fé em Deus, ele que está me ajudando desde o início”.
Além de Terezinha Brandão, também chegou cedo para assistir ao julgamento o empresário José Carlos de Oliveira, 62 anos. Foi na casa dele, no Bairro Monte Líbano, que foi encontrado o arsenal em 19 de maio de 2019 e desencadeou a Operação Omertà.
Em julho de 2022, a Justiça condenou Jamil Name Filho a pagar R$ 1,7 milhão ao empresário, que foi vítima de “extorsões ocorridas de forma aterrorizante” por parte de “Jamilzinho”. “Estamos antenados, queremos nos certificar que será um julgamento justo, não como era antigamente no Estado, onde essa organização tinha influência; esperamos que nosso filhos e netos não passem pelo que passou muita gente nesses 30 anos”.
Na fila, à espera, também está o acadêmico de Direito Vanderberg de Souza, 35 anos. Chegou às 6h20 para ver o júri que acredita ser o maior do Estado. “Fiquei com medo de não ter lugar”.
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