m junho de 2011, 12 atrás, quando as fake news ainda não eram tratadas como assunto maçante na vida das pessoas, principalmente por meio das redes sociais, um episódio que implicou um jornalista de Campo Grande e a apresentadora de tevê Ana Hickmann converteu-se num confronto. Ao ponto de o jornalista pedir, na justiça, pelo que ele enxerga como "reparação civil", R$ 3 milhões de reais, fortuna a ser paga pela ex-modelo e empresária.
O assunto foi tratado numa longa audiência, na tarde desta quarta-feira na 14ª Vara Cível, seção chefiada pelo juiz Marcos Vinícius de Oliveira Elias.
Na próxima sessão, com data ainda a ser definida, o magistrado deve definir se Ana será, ou não, condenada a desembolsar a dinheirama. Ou seja, o conflito judicial está prestes ao desfecho.
Ana Hickmann não compareceu, mas foi representada por seus procuradores, a advogada Diva Carla Bueno Nogueira e o advogado Enio Martins Murad.
Já o jornalista Roberto Saraiva Belini, que move a ação contra Hickmann, é defendido pelo advogado Mauro Sandres. O processo corre em sigilo judicial. No final da audiência, o Correio do Estado ouviu a versão dos advogados.
O CASO
O pano de fundo do confronto entre a apresentadora e o jornalista surge no início de junho de 2011, período que um certo Roberto Saraiva, que seria usuário do perfil @SubCombat no Twitter dispara diversas "ofensas pessoais e ameaças", contra Ana Hickmann.
Eis alguns trechos de mensagens saídas do SubCombat e supostamente destinadas à apresentadora.
"Onde está seu marido quando você fica gravando? Olho aberto loira, olho aberto".
"O Ana, tão de olho no seu Alê [Alexandre, marido da apresentadora], cuide bem dele, senão você terá que assinar o papel do divórcio".
"Não adianta alterar a foto do seu twitter, você é a mesma vagabunda de sempre".
"Do que adianta ser linda e rica se não tem caráter? Em público você é maravilhosa, no particular, não presta".
CASO FOI PARA PF
De acordo com os procuradores da apresentadora, no período dos ataques pessoais, especialistas em internet descobriram que o jornalista era quem alimentava o perfil Subcomant. À época ele negou. Em seguida, as ofensas e xingamentos contra Hickmann sumiram, foram apagadas.
O caso foi parar na Polícia Federal que, segundo os defensores da apresentora, Diva Carla Bueno Nogueira e Enio Martins Murad, enxergou "vestígios" indicando que o jornalista era, de fato, o administrador do perfil de onde eram disparados os xingamentos contra Hickmann.
APREENSÃO
Antes de o caso virar guerra judicial, o nome do jornalista virou assunto por meio de divulgações publicadas num site especializado em notícias de famosos, novelas, entretenimento.
Também segundo os defensores da apresentadora, o jornalista, que à época trabalhava numa agência bancária, na cidade de Sonora, já na divisa de Mato Grosso do Sul com Mato Grosso, procurou uma delegacia da Polícia Civil e registrou uma denúncia sustentando que estava sendo ameaçado de morte.
Afirmam também os defensores da apresentadora que enquanto o jornalista registrava a ocorrência, a policial que o atendida pediu-lhe que entregasse o telefone e o notebook, mas ele teria negado.
O QUE DIZ A DEFESA DO JORNALISTA
Mauro Sandres, advogado que defende o jornalista, desautorizou o registro de imagens assim que ele e o cliente saiu da audiência. E contestou a versão dos defensores.
Ele disse que é "não é verdade" a informação de que o jornalista tenha "se negado" a entregar o celular e o notebook na delegacia. Ele contou que no dia do registro da ocorrência, por temer às ameaças que vinha recebendo e, "proteger a vida", foi embora.
No entanto, informou Sandres, dias depois o jornalista entregou tanto o notebook quanto o celular à polícia. Ele sustentou que o fato de os equipamentos não ter sido entregue durante o registro da ocorrência "em nada atrapalhou as investigações".
Depois disso, devido às supostas ameaças recebidas, o jornalista deixou de morar em Sonora.
O advogado disse, também, que as denúncias contra o jornalista "são frágeis, infundadas, falácias". E atribuiu ainda que, à época do surgimento do nome de Roberto como o responsável pelas ofensas seria um meio de "promover a imagem da apresentadora".
Além dessa demanda judicial, há outros dois processos evolvendo Hickmann e o jornalista, também correndo em sigilo. Num deles, a apresentadora pede indenização de R$ 20 mil ao jornalista, dinheiro que seria usado para pagar as custas de honorários.
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