Até o dia 1º de setembro, Campo Grande sedia o maior treinamento de guerra irregular da América Latina. O Exercício Conjunto Tápio (Excon Tápio) traz a Mato Grosso do Sul cerca de 700 militares do Brasil e de outros países. O evento tem como objetivo a troca de informações e de inteligência.
Entre os convidados está a Guarda Área Nacional de Nova Iorque (New York Air National Guard – Nyang, na sigla em inglês), que também é ligada à Força Aérea dos Estados Unidos.
Ao todo, são 13 esquadrões, 26 unidades operacionais, 16 organizações militares inter-relacionadas e mais de 25 aeronaves, incluindo os caças brasileiros A-29 Super Tucano e A1-M.
Também participam da ação helicópteros norte-americanos H-60 Black Hawk e H-36 Caracal e o avião radar E-99. Além de militares estadunidenses, a operação também recebe agentes da Alemanha, que vêm como observadores.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), as aeronaves vão atuar em missões que abrangem reconhecimento aeroespacial, infiltração aérea, busca e salvamento em combate, apoio aéreo aproximado, lançamento de paraquedistas e cargas, óculos de visão noturna e evacuação aeromédica.
Um workshop de inteligência operacional também está sendo realizado na Base Aérea de Campo Grande (BACG), uma parceria entre a FAB e a Nyang.
Segundo o capitão da FAB Diego Luís Marques Vieira, o encontro é fundamental para a troca de informações sobre como processar dados de inteligência, de modo a aprimorar o processo de coleta, difusão e transmissão de informações.
“Eles se predispuseram a transmitir conhecimento sobre como executar e processar as ações de inteligência e as informações, ou seja, o ‘como fazer’, incrementando assim a interoperabilidade entre as forças envolvidas”, diz o capitão da FAB.
Já um dos integrantes da Nyang, o sargento Joe Rene, comenta que o workshop começou com o treinamento de pilotos para operações reais, que resultaram na troca de informações. Essa é a primeira vez do estadunidense no Excon Tápio, e ele afirma que tem sido uma experiência de “grande aprendizado”.
O Consulado dos Estados Unidos informou que essa é a maior delegação estadunidense na atividade, com cerca de 130 pessoas na equipe.
É a terceira participação dos EUA no Excon Tápio, que também trará cinco aeronaves para a ação, sendo um cargueiro HC-130J, dois helicópteros HH-60 e dois cargueiros C-17.
Além de inteligência e caças, o Excon Tápio também conta com aeronaves de transporte, entre elas, a mais nova da FAB, a KC-30, que é operado pelo Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2°/2° GT – Esquadrão Corsário).
O major Rafael de Oliveira Bertholdo, piloto do Esquadrão Corsário, afirma que, com a aeronave KC-30, os militares podem facilitar as operações aéreas, uma vez que ela tem grande capacidade de transporte logístico, o que amplia a flexibilidade tática e estratégica.
O militar ainda acrescenta que, em razão dessas características, as missões podem ser cumpridas com eficiência e alcance. Para o Excon Tápio 2023, foram transportados 400 passageiros e 7 toneladas de carga no avião.
O comandante da BACG e diretor do Excon Tápio, brigadeiro do ar Eric Breviglieri, aponta que o exercício promove entendimento mútuo, confiança e interoperabilidade entre os participantes, por buscar o amadurecimento e o desenvolvimento de táticas conjuntas em um ambiente dinâmico, com grande quantidade de elementos no solo e simulação de movimentação de efetivo de forças oponentes.
“Por se tratar de um cenário de treinamento, o exercício conjunto desempenha um papel crucial. Suas atividades planejadas não apenas preenchem uma lacuna de treinamento em ambientes de conflito, mas têm o potencial de elevar substancialmente as capacidades de atuação das Forças Armadas”, diz o major aviador Raphael Lopes Rosa, um dos coordenadores do Excon Tápio.
No início do exercício, houve instruções teóricas a respeito do papel que cada militar participante da ação desempenharia, ministradas pelo coronel do Exército Brasileiro Alessando Víssacro.
“Ao proporcionar simulações realistas e desafios complexos, o exercício não só aprimora as habilidades individuais e coletivas dos participantes, mas também fomenta a colaboração interdisciplinar e adaptação estratégica”, conclui o major aviador.
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