O ofício de barbeiro está cada vez mais em alta no país, pois mesmo em momentos de crise, as pessoas continuam a realizar os cuidados com a beleza. O profissional é responsável pelo embelezamento dos cabelos masculinos, realizando cortes, design de barbas, bigodes e acertos de costeletas, e deve ser capaz de transitar entre as tendências da moda e a busca de novas composições visuais.
Atualmente, o Brasil é o segundo maior consumidor mundial de cosméticos para homens. O faturamento com o mercado masculino mais que dobrou nos últimos anos, segundo pesquisa da ABIHPEC (Associação Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos).
Visando este nicho profissional e as possibilidades que ele oferece, tanto atuando em barbearias, salões ou mesmo como autônomos, cursos profissionalizantes na área são oferecidos a reeducandos de Mato Grosso do Sul, por meio do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego).
Neste ano, o "Curso de Qualificação Profissional - Formação Inicial e Continuada – Barbeiro" foi oferecido pelo Pronatec para 20 internos da Penitenciária Estadual de Dourados e a outros 20 do Estabelecimento Penal de Nova Andradina, com 40 reeducandos sendo capacitados.
Com 160 horas/aulas durante o curso, os alunos, além de dominarem as tesouras, navalhas e a harmonia com o rosto, recebem noções sobre biossegurança, tricologia da pele e do cabelo, postura profissional, processos químicos e empreendedorismo.
Cumprindo pena há pouco mais de dois anos na PED, o interno Rozinando de Oliveira Pinheiro foi um dos capacitados e garante que vai levar o conhecimento adquirido para a vida. "É uma profissão que agora temos, com certificado, que será um diferencial no mercado”.
Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontam que, caso Rozinando siga na profissão, ele poderá ter remuneração média de R$ 2.668,99.
Em Nova Andradina, o diretor da unidade prisional de regime fechado, Rogério Capote, defende a qualificação profissional como meio de transformação de vidas. "O curso de barbeiro é bem completo, ensina também empreendedorismo e toda a parte de documentação necessária para ter o seu próprio negócio". Conforme o dirigente, são oferidas várias oportunidades de qualificação no local. "Tivemos também capacitações em confeitaria, bolos, salgados, assados, entre outros, em parceria com o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural)", disse Capote.
O diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Rodrigo Rossi Maiorchini, pontua que os cursos de qualificação ofertados à população carcerária no Estado buscam atender à demanda por profissionais, considerando que a dificuldade de ingresso no mercado de trabalho aumenta quando se trata de um ex-presidiário, mesmo que tenha cumprido a pena.
“Ter uma profissionalização, com certeza, é um diferencial importante, seja para a contratação formal no mercado de trabalho, para a obtenção de vagas melhores ou de renda autônoma”, destacou.
Pronatec
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego em prisões é realizado em uma ação conjunta entre o MEC (Ministério da Educação e Cultura), Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e Ministério Extraordinário da Segurança Pública, com financiamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais).
Em Mato Grosso do Sul, a organização para promoção dos cursos do Pronatec Prisional ocorre com repasse de recursos da Senappen ao MEC, destinados à Secretaria de Estado de Educação, responsável pela execução em parceria com a agência penitenciária, sob coordenação da Divisão de Assistência Educacional.
Segundo a diretora de Assistência Penitenciária da Agepen, Maria de Lourdes Delgado Alves, para realização das capacitações, existe um planejamento conjunto de diferentes setores. “As equipes articulam e acompanham toda a execução, subsidiando as unidades penais nos processos de desenvolvimento das atividades, identificação de resultados e adaptações necessárias, favorecendo, com isso, a efetividade da reinserção social”, comenta a diretora.
Além da qualificação em barbearia, são ofertadas capacitações aos reeducandos em áreas como eletricista, manicure e pedicure, marceneiro, recepcionista, maquiador e serralheiro.
Keila Oliveira, Agepen