José Cláudio Arantes, 68 anos, o "Tio Arantes", passou dois anos foragido na Bolívia para fazer tratamentos de saúde. Com cálculos renais e na vesícula, ele fugiu do Presídio da Gameleira em novembro 2021, quando cumpria pena em regime semiaberto.
O advogado dele, Paulo Macena, falou sobre a recente captura de Arantes no país vizinho e afirmou que pretende conseguir uma audiência de urgência para que sejam apresentadas as provas de que a única razão da fuga foi a necessidade de tratamento adequado de saúde.
"Um senhor já idoso, pra pular um alambrado pra fugir, é porque ele estava com muita dor", citou o advogado, sustentando que seu cliente só quebrou o regime porque precisava ser tratado e não tinha acesso ao que precisava dentro do presídio, já que pedidos para acompanhamento fora da prisão foram negados pela Justiça.
Agora, a expectativa da defesa é que o magistrado à frente da execução de pena, Fernando Chemin Cury, acate os argumentos e que Arantes possa retomar o cumprimento de sua pena de onde parou. A condenação atual é de 18 anos de prisão, mas ele já cumpriu várias penas, desde 1985, que somaram 30 anos.
Macena, que assumiu a defesa do idoso no lugar da advogada Aline Brandão, conta que Arantes realizou uma cirurgia na vesícula no serviço de saúde boliviano e fazia recentemente acompanhamento para passar por novo procedimento, para tirar pedras dos rins. "Quando ele saiu, não poderia procurar a saúde aqui no Brasil senão seria preso, então ele foi para a Bolívia".
Quando ele fugiu da prisão, em novembro de 2021, a então advogada Aline afirmou que a fuga teria sido um "grito de desespero".
O advogado cita ainda que a família o sustentou enquanto esteve foragido no país vizinho e que ao ser preso pela Polícia Nacional Boliviana, em 6 de setembro, não estava cometendo crime algum, apenas estava foragido e com mandado em aberto.
Absolvido - “Tio Arantes”, “Lion”, "PCC Líder Negativo" ou “Tiozinho” é considerado pela polícia como um dos líderes máximos do PCC (Primeiro Comando da Capital) e já cumpriu 30 anos por condenações por tentativa de homicídio em 1985, tráfico de drogas em São Paulo, em 1995, tráfico em MS, em 2003 e assalto a banco, em 2017.
Também foi foi acusado de envolvimento no assassinato do advogado William Maksoud no ano 2000. Segundo Macena, ele foi absolvido de todas essas acusações por falta de provas e em outras investigações não é denunciado por falta de provas. “Ficar vinculando ele a esse crimes, a família fica chateada”, afirmou.
O advogado lembrou que o comportamento de Tio Arantes dentro da prisão sempre foi exemplar e que ele está à disposição da Justiça e que esteve todo esse tempo na Bolívia sem cumprir crime algum.