A Hidrovia Paraguai-Paraná vive um boom de movimentação de carga mobilizada principalmente por comércio exterior gerado por Mato Grosso do Sul. Um levantamento feito entre janeiro e julho deste ano por consultoria especializada indicou que a movimentação portuária do Estado cresceu 41,68%, enquanto no Brasil esse número correspondeu a 5,43%. Foram 5,1 milhões de toneladas de minérios e grãos que navegaram pelo Rio Paraguai.
Essa estatística comparativa foi apresentada em reunião realizada em Brasília, na qual estavam presentes representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação Interior (Abani), da Hidrovias do Brasil, das empresas J&F, Granel Química e Porto Correa, do Movimento Pró-Logística, da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Corredor Centro-Norte (Adecon) e da prefeitura de Corumbá.
O encontro foi feito neste mês e serviu para indicar como o comércio exterior pela hidrovia tem gerado números positivos e ainda tem capacidade de incremento.
Conforme a estatística apresentada no encontro, o Porto Gregório Curvo, hoje sob administração da J&F Mineração, após a aquisição da Vale, despontou como referência no transporte de mercadorias, neste caso, o minério de ferro.
Foram 2 milhões de toneladas no período de sete meses deste ano. A Granel Química, que fica em Ladário, está no mesmo patamar.
Na terceira colocação ficou a Itahum Export, localizada em Porto Murtinho. Em quarto lugar ficou o porto TUP Vetorial Logística, localizado em Corumbá e licenciado para operar neste ano.
EVOLUÇÃO
A consultoria, que foi encomendada pela J&F, indicou que a evolução na movimentação de cargas pelo Rio Paraguai, no trecho entre Corumbá e a foz do Rio Apa, na fronteira do Brasil com o Paraguai, está consolidada.
“Empresas estão investindo fortemente na infraestrutura portuária e de navegação (barcaças, empurradores, estação de transbordo) e nas vias de acesso rodoviário e ferroviário.A criação de novos terminais de uso privado (TUPs), do TUP Itahum de Porto Murtinho e do TUP Vetorial Logística, além do fato de haver novos TUPs sendo criados, um já com outorga e outros solicitando autorização, está consolidando o número robusto de movimentação, que aumentará continuamente”, apontou o relatório apresentado às autoridades brasileiras.
Com os números superlativos, as empresas demonstraram ao governo federal a necessidade de intervenções para atender às novas demandas. O assunto foi direcionado à diretoria de Infraestrutura Aquaviária do Dnit, para que ocorram obras no tramo que vai de Corumbá até a foz do Rio Apa, em trecho brasileiro. A comitiva de empresários, que incluiu armadores e representantes de terminais privados, foi liderada pela Abani.
Quem atendeu o grupo foi o próprio diretor do Dnit para a pauta de infraestrutura aquaviária, André Martins.
A comitiva indicou que a intervenção necessária envolve dragagem de aprofundamento para que, no período de estiagem – que está em curso – haja mínimo de 9 pés de calado, o que representa 2,7 metros.
“Há a necessidade de manter o serviço de limpeza e dragagem do leito do rio para que, nos períodos de seca, não tenha restrição para navegação ou que ela seja menor. Isso se garante com serviço de limpeza e dragagem rotineira. Esse processo depende de o Dnit resolver alguns entraves técnicos e encaminhar para o Ibama fazer o licenciamento dessas intervenções pontuais, necessários para manter a navegabilidade do rio”, explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Corumbá, Cássio Augusto da Costa Marques, que participou da reunião.
Em Ladário, por exemplo, de onde a maioria das cargas parte para exportação, o nível do Rio Paraguai estava em 2,23 metros na terça-feira (10), com recuo constante de até 6 centímetros por dia, na última semana.
A navegação comercial avalia que é preciso ter pelo menos 1,5 metro de nível para que seja feito o transporte de cargas.
Os encaminhamentos por parte do Dnit para o Ibama, para ocorrer a dragagem, estão em fase de estudos e não houve confirmação de que ainda este ano as obras vão ocorrer, mas a comitiva de empresários e entidades representativas acompanham de perto a movimentação do governo federal para que haja intervenção em 2024.
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