Quinze anos de espera, um imprevisto atrás do outro e de repente você percebe que a maioria na multidão parece ter mais motivos para adorar Pitty do que se chatear. Da recordação da infância e juventude até playlist que musicalizou momentos felizes e difíceis da vida. Os fãs tinham cada música da ponta da língua e fizeram bonito na noite de sábado (16), quando Pitty finalmente se apresentou em Campo Grande.
Foram mais de 4 mil vozes dentro do Bosque Expo, do Shopping Bosque dos Ipês. Maioria chegou antes das 19 horas e uma fila gigantesca cercou o estabelecimento. A cantora subiu ao palco pouco depois das 22h. Até nos cantos onde a voz da estrela não chegava com força, lá tinha alguém gritando com fervor os rocks que marcaram uma geração.
Os acordes iniciais de "Teto de Vidro" ecoaram, dando início a uma sequência arrebatadora de sucessos como "Admirável Chip Novo", "Máscara" e "Equalize", todos do álbum que leva o mesmo nome da turnê de celebração dos 20 anos da obra da artista.
A atmosfera nostálgica envolveu não apenas o público, mas também a própria Pitty, que subiu ao palco grata pela espera dos seus fãs. “Que saudade eu estava de colar aqui. São 15 anos esperando esse encontro. Muito obrigada pela presença, além de matar a saudade, temos uma festa. Que bom que estou podendo chegar em Campo Grande e compartilhar essa celebração”, expressou a roqueira baiana.
Quem tem motivo para amar Pitty prefere aproveitar ao máximo a oportunidade de ver a cantora de perto. Cíntia Cristina Miranda, de 51 anos, conseguiu ingresso aos 45 do segundo tempo: “Eu sou apaixonada pela Pitty, porque ela é maravilhosa, inteligente, tem uma voz incrível, fala muito da Rita Lee. Eu não consegui comprar um ingresso, mas uma amiga desistiu de vir e eu consegui o ingresso dela”, comemorou.
Já para Pamela Lima Leite, 18 anos, que compareceu ao show ao lado da mãe, foi um momento especial. “A minha mãe foi ao show há 15 anos, quando Pitty veio”, lembra. A mãe também recorda. “Naquela época, eu tinha 17 anos e não era tão enturmada, mas hoje estou tendo a chance de trazer a minha filha, isso é incrível. A Pitty é maravilhosa", disse Geicinara Lima Leite, 35 anos.
Entre os fãs mais dedicados, está Samara Costa de Oliveira, 20 anos, que esperou por este momento durante toda a sua vida. "Sou fã da Pitty desde os 6 anos, então estou esperando a vida inteira. Ela é um nome incrível do rock no Brasil", afirmou emocionada.
Quase beijei o chão”, disse Pitty sobre a emoção de pisar em Campo Grande.
Em uma entrevista descontraída, Pitty comentou sobre a espera pelo show: “Espero que a galera esteja tão empolgada quanto a gente, porque foi um parto, né? Quase beijei o chão igual o Papa. Só não beijei porque estava muito quente. Tô brincando. Estou muito feliz de poder vir, ainda mais com essa turnê, em comemoração aos 20 anos do primeiro disco”.
Questionada sobre uma possível turnê do disco "Anacrônico", que também celebra 20 anos de sucesso, a cantora demonstrou surpresa. “Não passou pela cabeça porque acabamos de fazer uma turnê. Muita gente tem o 'Anacrônico' como disco favorito, cada um tem uma onda, é uma relação afetiva, mas se a gente for fazer isso, a gente vai ficar só comemorando”, brincou.
Pitty também compartilhou sobre a experiência de gravar com a cantora sul-mato-grossense Marina Peralta: “Foi uma honra ter Marina nesse disco, durante a curadoria eu queria que a gente tivesse bastante mulher, bastante pessoas de outros estilos que dialogam com a identidade do rock, bastante diversidade, não só de gênero do que de raça e educação, mas de geografia. Eu entendo que tem muitos artistas bons em tantos lugares. Eu acho que Marina representa tudo isso, a força da mulher, a força da mulher no reggae, a cena de Campo Grande, é uma honra, eu amei o resultado”, finalizou.
O show foi realizado em Campo Grande pela EPF produtora e abertura ficou por conta da banda campo-grandense “Red”, referência no cenário rock, que realizou um sonho antigo ao se apresentar antes da baiana e ganhou elogios de Pitty.