Gustavo Bebianno, que foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência de Jair Bolsonaro, afirmou em uma entrevista em março de 2020 que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) – alvo de buscas da Polícia Federal nesta segunda-feira (29) por suposta utilização ilegal de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) – teria expressado a intenção de montar uma “Abin paralela”, segundo a definição de Bebianno.
De acordo com o ex-ministro – que já havia deixado o governo Bolsonaro na época da entrevista, concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura –, o filho do presidente teria chegado, inclusive, a citar o nome de um delegado federal para a iniciativa.
“Um belo dia, o Carlos me aparece com um nome de um delegado federal e de três agentes, que seriam uma Abin paralela, porque ele não confiava na Abin”, disse Bebianno na ocasião.
Bebianno também disse não saber se o que ele chamou de “Abin paralela” teria sido implementado depois de sua saída do governo. Ele, que foi um dos coordenadores da campanha presidencial de Bolsonaro em 2018, foi o primeiro ministro a deixar o governo, exonerado no dia 19 de fevereiro de 2019.
Doze dias após a participação no Roda Viva, Bebianno morreu vítima de um ataque cardíaco, aos 56 anos.
Na entrevista, o ex-ministro também disse que o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, teria sido chamado para o esquema, mas se mostrou preocupado com a ideia.
Bebianno também disse ter aconselhado, junto ao general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Bolsonaro, que o presidente não aceitasse a sugestão de Carlos.
“O general Heleno foi chamado, ficou preocupado com aquilo, mas o general Heleno não é de confrontos, e o assunto acabou ali, com o general Santos Cruz e comigo”, afirmou Bebianno. “É muito pior que o gabinete do ódio, aquilo também seria motivo para impeachment”, acrescentou.
*Sob supervisão de Marcelo Freire