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Julgamento de indígenas por morte de dois policiais em 2006 entra no 2º dia
Caso ficou conhecido como “Chacina de Porto Cambira”; três indígenas são julgados em São Paulo
27/02/2024 12h04
Por: Tribuna Popular Fonte: Campo Grande News
- Sobrevivente da chacina, Emerson Gadani durante depoimento ontem, no 1º dia do júri (Foto: Divulgação)

Entrou no segundo dia nesta terça-feira (27) o julgamento dos indígenas Valmir Júnior Savala, 36, Sandra Arévalo Savala, 40, e Márcio da Lins, 35, acusados pela morte dos policiais civis Ronilson Magalhães Bartie e Rodrigo Lorenzatto, além da tentativa de homicídio contra o também policial Emerson José Gadani.


Os crimes ficaram conhecidos como “Chacina de Porto Cambira” e ocorreram no dia 1º de abril de 2006, no município de Dourados. O júri popular ocorre no TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo, e deve terminar apenas na sexta-feira (1º).


Nesta segunda, foram ouvidas as testemunhas de acusação, entre elas o policial civil Emerson Gadani, atualmente aposentado. Hoje estão sendo ouvidas as testemunhas de defesa. Os réus acompanham o júri popular de forma presencial, mas as testemunhas estão sendo ouvidas de forma virtual.


O julgamento é presidido pela juíza Andréia Moruzzi. Atuam na acusação o procurador federal Gustavo Torres e o advogado douradense Maurício Nogueira Rasslan.


Valmir, Sandra e Márcio responderam ao processo em liberdade e só agora, quase 18 anos depois, estão sendo julgados. No dia 7 de junho de 2019, Ezequiel Valensuela, Jair Aquino Fernandes, Lindomar Brites de Oliveira e Paulino Lopes foram condenados pelos crimes. A pena somada ultrapassou 100 anos de prisão. O cacique Carlito de Oliveira foi absolvido no mesmo júri.


Ezequiel teve a maior pena: 34 anos e 5 meses de prisão pelos crimes de duplo homicídio e tentativa de homicídio. Jair foi sentenciado a 26 anos e 8 meses pelos mesmos crimes. Lindomar foi condenado a 19 anos e 2 meses e Paulino a 20 anos e 3 meses, por duplo homicídio. Ambos foram absolvidos da acusação de tentativa de homicídio. Apesar das penas elevadas, todos puderam recorrer em liberdade.


“Chacina de Porto Cambira” – Os três policiais civis foram atacados pelos indígenas no Acampamento Passo Pirajú, perto do Porto Cambira, região sul do município de Dourados. A Polícia Civil alegou na época que os agentes estavam à procura de homem acusado de matar um pastor evangélico dias antes na cidade e que teria se escondido no acampamento indígena.


Já os indígenas afirmaram que os policiais foram ao local para ameaçá-los, já que estavam em uma área invadida, e alegam terem agindo e legítima defesa. As terras onde ocorreram as mortes seguem sob ocupação indígena.