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"Nós avisamos que isso ia acontecer", diz sindicato sobre fugas na Máxima
Das nove torres de vigilância, apenas uma está em funcionamento e sindicato denuncia precarização do serviço
05/03/2024 08h53
Por: Tribuna Popular Fonte: Campo Grande News
- Vistoria realizada na Segurança Máxima, em Campo Grande (Foto/Arquivo)

“Nós avisamos que um dia isso ia acontecer”. O alerta é do presidente do Sinsap (Sindicato dos Policiais Penais de Mato Grosso do Sul), André Luiz Santiago, depois da fuga na madrugada de ontem (4), de dois detentos da penitenciária Jair Ferreira de Carvalho, o Segurança Máxima de Campo Grande. Segundo ele, a falta de efetivo contribuiu para o fato: das nove torres de monitoramento, apenas uma delas está em funcionamento, tendo servidor para vigilância constante.


De acordo com informações do sindicato, apenas dez servidores são responsáveis por custodiar os 2,4 mil presos da Máxima, que precisam se revezar na escala de plantão. “Quem fugiu, observou exatamente essa ausência de pessoal nas torres e recebeu ajuda, pois a corda veio de fora”, diz André.


A precarização, segundo ele, também se estende em outras áreas de vigilância da unidade. No monitoramento eletrônico, são quatro televisores, subdivididos em 64 telas monitorado por apenas um servidor por plantão. O local escolhido para a corda ser lançada é de baixa visibilidade e obstáculos impedem a clara observação.


Segundo o presidente do sindicato, outras unidades também passam por situação semelhante, como a penitenciária estadual masculina de regime fechado da Gameleira I, na saída para Sidrolândia. “Não há monitoramento nas guaritas da Gameleira também e lá são presos com condenações de 50 anos, graves”. André diz que os agentes acabam desviados da função inicial e não há previsão de novos concursos.


A reportagem entrou em contato com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e aguarda retorno para atualização do texto sobre a precarização citada pelo sindicato e realização de concurso.


Muro - A fuga ocorreu por volta das 3h30, pelo muro e com auxílio de uma corda. Quatro detentos alojados no pavilhão 6 da Máxima usaram corda para escapar, porém, dois deles acabaram recapturados.


Os fugitivos foram identificados como Douglas Luan Souza Anastácio, de 33 anos, e Naudiney de Arruda Martins, de 32 anos. Os outros dois, recapturados durante a ação, foram isolados em cela disciplinar e responderão, ainda a procedimento administrativo.


No histórico de Naudiney consta as várias tentativas de fuga nas unidades prisionais que esteve. A primeira vez foi em 2010, quando abriu um buraco a partir do vaso sanitário. Em outra situação, no ano de 2012, ele chegou a “permutar” ajuda de outro interno para conseguir abrir mais um buraco na cela.


Quem tiver informação sobre os dois pode acionar a PM (Polícia Militar) pelo 190. A identidade do denunciante será mantida em sigilo.