Os dois policiais civis investigados por compactuarem com uma organização criminosa suspeita de assassinatos no Bairro Moreninhas, em Campo Grande, tiveram o afastamento publicado no Diário Oficial do Estado, nesta terça-feira (19). Eles foram alvos da Operação "Juramento Quebrado", deflagrada pela DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa).
O escrivão Gustavo Cristaldo de Arantes era lotado na Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo). Ele também é advogado, mas com situação cancelada, de acordo com o CNA (Cadastro Nacional dos Advogados). A investigadora Fátima Regina Pereira Benitt era lotada na 2ª Delegacia de Polícia da Capital, localizada no Bairro Monte Castelo.
Além do afastamento, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil determinou recolhimento das armas, carteiras funcionais e outras medidas cautelares aos dois. "(...) e demais pertences do patrimônio público destinados aos referidos policiais, além da suspensão de suas senhas e logins de acesso aos bancos de dados da instituição policial".
Investigações - A DHPP deflagrou na sexta-feira (15) a Operação Juramento Quebrado, que investiga série de homicídios no Bairro Moreninhas. "A ação decorre de investigações de homicídios ocorridos no Bairro Moreninhas, que levaram à suspeita da existência de organização criminosa que recebia colaboração de policiais civis", discorre a Polícia Civil.
Ao Campo Grande News, o delegado Carlos Delano, titular da DHPP, disse que os policiais investigados "colaboraram diretamente com as pessoas envolvidas nos crimes".
Além das medidas já citadas acima, os policiais estão proibidos de manter contato direto ou indireto com outros investigados e seus advogados.
A polícia não informa quais homicídios fazem parte dessa investigação. O último registrado no bairro foi de Luan de Oliveira Araújo, 22 anos, executado com cerca de 10 tiros na noite de uma quarta-feira, 18 de outubro de 2023. Luan já foi investigado pela morte de Lucas de Moraes Charão, de 26 anos, o "Bocão", ocorrida em novembro de 2020 no mesmo bairro. Além disso, Oliveira foi testemunha de outra execução na região.
A reportagem tentou contato com os policiais por meio de redes sociais, mas sem resposta até a publicação do material. Também foi feito contato com a OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso do Sul). O canal está aberto para retorno.