O vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB), é um dos alvos de operação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), deflagrada na manhã desta quarta-feira (3). Esta é a 3ª fase da Operação Tromper, que cumpre 8 mandados de prisão e 28 de busca e apreensão, e já averiguou irregularidades em contratos que somam R$ 15 milhões.
Por enquanto, a reportagem confirmou a prisão de um homem identificado como Milton Matos e de Ueverton da Silva Macedo, o "Frescura", apontado como líder do esquema que desencadeou a Operação Tromper.
O imóvel onde Claudinho Serra mora, no residencial Damha, localizado na saída pra Três Lagoas, na Capital, foi vistoriado por agentes.
Além da casa do vereador, policiais do Batalhão de Choque - que dá apoio a operação - e do Gaeco cumprem mandados em endereços de Sidrolândia, cidade a 70 km de Campo Grande e onde Claudinho já atuou como secretário Municipal de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica. Pelo menos 10 viaturas foram vistas na cidade, pela operação.
Operação - Segundo informações do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o desdobramento das investigações, conduzidas pelo Gecoc, ratificou a efetiva existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e contratos administrativos com a Prefeitura Municipal de Sidrolândia, bem como o pagamento de propina a agentes públicos municipais.
Também foi identificada nova ramificação da organização criminosa, atuante no ramo de engenharia e pavimentação asfáltica. Os contratos já identificados e objetos da investigação alcançam o montante aproximado de R$ 15 milhões.
Histórico - A 1ª fase da Operação Tromper foi deflagrada em maio de 2023 contra esquema de corrupção envolvendo fraude em licitação e sonegação fiscal em Sidrolândia.
Conforme a investigação, para dar ares de legitimidade aos certames licitatórios e fazer o desvio dos recursos públicos reservados para a execução dos contratos, o grupo criminoso abria empresas ou se aproveitava da existência de cadastramentos para incrementar o objeto social sem que o estabelecimento comercial apresentasse experiência, estrutura ou capacidade técnica para execução do serviço contratado ou fornecimento do material adquirido pelo município.
A investigação ainda revelou que a sogra e o cunhado de "Frescura", apontado como líder do esquema que desencadeou a operação, movimentaram mais de R$ 1,1 milhão entre 2017 e 2021, mesmo com empregos bem modestos. Os dados, obtidos por meio da quebra de sigilo bancário, mostram que Vera Lúcia de Paula, uma faxineira com salário médio mensal de R$ 559, movimentou R$ 539,5 mil, enquanto Rafael de Paula da Silva, ajudante de motorista com salário de R$ 1.055, realizou R$ 604,5 mil em transações bancárias.
Nesta manhã, a reportagem entrou em contato com a prefeita Vanda Camilo (PP), sogra do vereador, que informou não ter conhecimento de qualquer operação na cidade.
A reportagem também entrou em contato com o vereador, que estava com celular desligado. Também falou com advogado que figura como representante de Claudinho Serra em uma ação. O profissional disse que não sabia da operação e não foi contactado pelo cliente.
Claudinho Serra assumiu, inicialmente, uma das cadeiras da Câmara Municipal de Campo Grande no dia 23 de maio do ano passado. Ele era suplente do parlamentar professor João Rocha (PP), que se licenciou do cargo de vereador para assumir a Secretaria de Governo da Prefeitura da Capital. Com a volta de Rocha para Câmara, Claudinho assumiu em março deste ano a vaga de Ademir Santana, que saiu para atuar na campanha eleitoral da legenda.