Um homem vestindo uma camiseta do grupo radical islâmico Hamas apareceu distribuindo panfletos na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (24), durante um evento para debater a crise humanitária na Faixa de Gaza.
A audiência pública, realizada a pedido dos deputados João Daniel (PT-SE) e Padre João (PT-MG), abordou denúncias de supostas violações dos direitos humanos dos palestinos e do direito internacional pelo Estado de Israel, que atualmente ocupa Gaza sob o pretexto de derrotar o Hamas.
No vídeo oficial transmitido ao vivo pela TV Câmara, o homem usa uma camiseta verde do grupo político-militar e entrega panfletos pró-Palestina aos deputados presentes, com a frase “Não à ocupação de Gaza” no título de um dos cartazes. Logo em seguida, ele se retira para outro local da Câmara.
João Daniel participou da sessão vestindo um cachecol com a frase “Free Palestine”, ou “Palestina Livre”, estampada.
O deputado afirmou que a Comissão foi realizada “para a conscientização e a educação do público” sobre o impacto do conflito entre Israel e grupos e território palestinos.
O Embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, participou da reunião.
Organização islâmica com ala militar, o Hamas surgiu pela primeira vez em 1987. Era um desdobramento da Irmandade Muçulmana, um grupo islâmico sunita fundado no final da década de 1920 no Egito.
A própria palavra “Hamas” é um acrônimo para “Harakat Al-Muqawama Al-Islamiyya” – que em tradução livre significa “Movimento de Resistência Islâmica”. O grupo, tal como a maioria das facções e partidos políticos palestinos, insiste que Israel é uma potência colonizadora e que seu objetivo é libertar os territórios palestinos das garras de Israel.
Ao contrário de algumas outras facções palestinas, o Hamas recusa-se a dialogar com Israel. Em 1993, opôs-se aos Acordos de Oslo, um pacto de paz entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) que desistiu da resistência armada contra Israel em troca de promessas de um Estado palestino independente ao lado de Israel.
Os Acordos também estabeleceram a Autoridade Palestina (AP) na Cisjordânia ocupada por Israel.
O Hamas apresenta-se como uma alternativa à AP, que reconheceu Israel e se envolveu em múltiplas iniciativas de paz fracassadas. A AP, cuja credibilidade entre os palestinos tem sofrido ao longo dos anos, é liderada pelo Presidente Mahmoud Abbas.
Ao longo dos anos, o Hamas reivindicou muitos ataques a Israel e foi designado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel.
O Departamento de Estado dos EUA disse em 2021 que o Hamas recebe financiamento, armas e treino do Irã, bem como alguns fundos que são angariados nos países do Golfo Árabe. O grupo também recebe doações de alguns palestinos, de outros expatriados e de suas próprias organizações de caridade, afirmou.
Em Abril, o Ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, sugeriu que o Irã fornecesse ao Hamas cerca de 100 milhões de dólares anualmente.
Israel assiste uma crescente pressão internacional por uma trégua na guerra após as inúmeras denúncias contra as forças de defesa israelenses. O Conselho de Segurança da ONU aprovou em março uma resolução exigindo um cessar-fogo imediato entre Israel e o Hamas e a libertação imediata e incondicional de todos os reféns.
A aprovação foi possível graças à abstenção dos EUA, aliados de Israel, na votação. Todos os outros 14 membros restantes do colegiado votaram a favor – incluindo os membros permanentes Rússia, China, Reino Unido e França.
De acordo com dados do Ministério da Saúde comandado pelo Hamas em Gaza, a contra-ofensiva de Israel matou 34.183 palestinos e feriu outros 77.143.