Preso desde 2022, acusado de envolvimento na morte de um comerciante de carros na Vila Valqueire, zona oeste do Rio, José Caruzzo Escafura, o Piruinha, irá a júri popular nesta quinta-feira (25). Natalino José do Nascimento Espínola, o Neto, foi morto em julho de 2021
Inicialmente, o júri popular do contraventor estava marcado para acontecer na terça-feira, 9 de abril, mas foi adiado a pedido do Ministério Público do Rio (MPRJ) para hoje.
Aos 94 anos, Piruinha é o mais velho contraventor da cúpula do jogo do bicho carioca ainda vivo.
O quase centenário José Caruzzo Escafura, ou Piruinha, ingressou na contravenção na década de 1950, quando começou a gerenciar bancas na região da Abolição, Piedade e Inhaúma, área que exerceu bastante influência no auge do bicho – e onde mora até hoje. Antes de entrar na contravenção, Escafura foi motorista de lotação.
A partir da década de 1970, já era considerado um dos principais bicheiros da cidade, tendo sob seu domínio também os bairros de Madureira, Cascadura e Maria da Graça, todos na Zona Norte carioca.
Em 1993, Puruinha e outros 14 indivíduos foram presos e condenados a 6 anos por formação de quadrilha.
À época, o caso teve grande repercussão nacional, pois pela primeira vez, todos os líderes da contravenção carioca foram condenados e presos – as penas chegaram a seis anos de prisão, mas nenhum deles cumpriu na íntegra. A responsável pelo julgamento foi a juíza Denise Frossard, da 14ª Vara Criminal do Rio.
Diferentemente de seus contemporâneos, Piruinha nunca foi líder de uma escola de samba e ganhou menos fama que seus colegas.
Em junho de 2017, seu filho Haylton Carlos Gomes Escafura, de 37 anos, foi assassinado com a soldado da PM Franciene de Souza em um hotel na Barra da Tijuca. O motivo, conforme as investigações, seria uma disputa por pontos de máquinas caça-níqueis na cidade.
Haylton vinha de idas e vindas da prisão. À época do crime, ele estava nas ruas havia apenas 5 meses, após ser posto em liberdade em janeiro. Em 2012, ele havia sido preso por fraude nas mesmas máquinas que motivaram sua execução.
Na execução, os dois algozes do filho de Piruinha e da mulher arrombaram a porta do quarto do casal e mataram os dois a tiros de pistola e fuzil no banheiro da suíte.
A mulher morta, a PM Franciene, estava lotada na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela da Rocinha e estava na corporação desde 2014.
A apuração da morte do filho do bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha, contraventor mais velho da antiga cúpula do Jogo do Bicho, que vai a júri popular por homicídio qualificado, foi citada no relatório final da Polícia Federal sobre a investigação do caso Marielle Franco.
Segundo o documento, há indícios de que a Polícia Civil não chegou à conclusão de quem matou Haylton Carlos Gomes Escafura por uma possível interferência do delegado Rivaldo Barbosa, que chefiava a Divisão de Homicídios na época.
Segundo as investigações, o motivo da execução foi a disputa pelos pontos de venda de máquinas caça-níqueis, uma vez que ele vinha tentando recuperar de territórios do jogo do bicho em partes da zona norte do Rio.
Rivaldo Barbosa foi preso no caso Marielle.
Na manifestação para adiamento do júri, o Ministério Público argumentou que foram juntados mais dois processos ao júri, o de Monalliza Neves Escafura, filha de Piruinha, que está foragida, e o do segurança dela, o PM Jeckson Lima Pereira, que está preso há dois anos.
Na decisão, o Ministério Público revogou a prisão preventiva do PM, que terá de cumprir medidas cautelares.
A defesa de Piruinha pediu a revogação de sua prisão preventiva, porém o pedido foi negado. Ele está preso há dois anos.
No fim do ano passado, o contraventor sofreu uma queda no banheiro do presídio e, desde então, está em prisão domiciliar devido a problemas de saúde.
À época, a Justiça considerou a idade e o estado de saúde de Piruinha. O contraventor havia realizado uma cirurgia devido a uma fratura no fêmur após uma queda na Casa do Albergado Crispim Valentino, além de ter sido diagnosticado com osteoporose avançada.
Sob supervisão de André Rigue. Com informações do Estadão Conteúdo