Auditora no Tribunal de Contas do Estado, Thais Xavier Ferreira da Costa deixou o cargo de chefe do gabinete do conselheiro Ronaldo Chadid. Ambos são réus por lavagem de R$ 1,6 milhão encontrados em suas residências durante operação da Polícia Federal. A denúncia foi aceita pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça no último dia 7 de agosto.
A assessora deixa o cargo comissionado e, com isso, perde o acréscimo de 60% no salário que a função de confiança garante. Em junho, a gratificação foi de R$ 18,7 mil, e o salário base, R$ 20,6 mil.
A portaria com a exoneração da função de chefe de gabinete é assinada pelo presidente do Tribunal de Contas, o conselheiro Jerson Domingos. Thais Xavier segue como auditora estadual de controle externo, mesmo cargo exercido por Marcius Rene de Carvalho e Carvalho, que herdou a chefia do gabinete de Ronaldo Chadid.
Ronaldo Chadid está afastado do cargo e utilizando tornozeleira eletrônica, entre outras medidas cautelares, impostas em 8 de dezembro de 2022. Diferente do ex-chefe, Thais Xavier vai responder ao processo livre de todas as medidas restritivas que lhe haviam sido impostas pelo STJ, com isso pode retornar às suas funções na corte de contas estadual.
A auditora se livrou graças ao voto do ministro Luis Felipe Salomão, que ainda defendeu que a assessora de Chadid deveria ficar livre da denúncia, mas foi vencido pela maioria.
A denúncia
De acordo com a Procuradoria Geral da República, há indícios suficientes da prática de corrupção e lavagem de dinheiro por Ronaldo Chadid, que teve início a partir da “venda” de decisões de interesse do Consórcio CG Solurb. O consórcio venceu a licitação da Prefeitura de Campo Grande para a coleta de lixo em 2012, na gestão Nelsinho Trad (PSD). Em 2016, o prefeito Alcides Bernal (PP) anulou este contrato por suspeitas de irregularidades.
A suspeita de enriquecimento ilícito foi supostamente confirmada em operação da Polícia Federal que apreendeu, na residência de Ronaldo Chadid, R$ 889.660,00 em dinheiro, e R$ 729.600,00, na casa de Thais Xavier. Os valores estavam guardados em envelopes pardos com o timbre do TCE-MS.
Segundo a denúncia, foram comprados um terreno no Condomínio Terras do Golfe pelo valor de R$ 430 mil, sendo R$ 230 mil pagos em espécie, e R$200 mil pagos através de transferência bancária; um Mini Cooper de R$ 45 mil; e despesas diversas acima de R$ 80 mil para reforma de apartamento no edifício Torre Espanha.
As defesas de Thais Xavier Ferreira da Costa e Ronaldo Chadid negam as denúncias.