A semana será de extremos em Mato Grosso do Sul, com temperaturas ultrapassando os 40°C e umidade do ar abaixo de 10%, por influência de uma nova onda de calor. Contudo, a meteorologia explica o que faz do Estado o epicentro de condições extremas à saúde.
Helena Turon Balbino, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) explica que a alta pressão, especialmente em níveis médios da atmosfera, está atuando sobre o estado.
Para entender o que é essa pressão, o geólogo e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Federal de Santa Catarina, Fernando Soares de Jesus, exemplifica que esta grandeza física tem um papel importante na dinâmica dos ventos.
“Neste instante, temos uma coluna de toneladas de ar exercendo força, através de seu peso, sobre cada unidade de área da superfície terrestre. A grandeza física usada para denominar esta relação entre força e área de atuação é denominada pressão. Quando, mais especificamente, falamos da atuação da pressão da camada de ar que sobrejaz sobre a superfície terrestre, nos referimos à pressão atmosférica”, cita no Geografia Opinativa.
Contudo, a pressão é variável conforme a temperatura e o volume. Existe uma relação direta entre as grandezas pressão e temperatura e indireta entre as grandezas pressão e volume.
“Como sabemos, nosso planeta não recebe calor do Sol de forma bem distribuída. Em geral, as baixas latitudes recebem uma quantidade de energia muito maior que as altas latitudes. Isto quer dizer que, em determinadas regiões, a pressão é também maior que em outras. Note que, nos lugares com maior incidência solar (baixas latitudes), o calor é responsável pela maior agitação das moléculas, resultando em seu espalhamento e, consequentemente, na diminuição da pressão atmosférica”.
No centro de alta pressão
Os ventos sofrem subsidência, isto é, vem de locais mais altos da atmosfera para a superfície, se dispersando em seguida;
São regiões de tempo seco e de céu limpo, visto que as massas de ar, ao subsidiarem, se aquecem e tem sua capacidade de retenção de vapor de água aumentada, diminuindo a umidade.
Já nas áreas de baixa pressão ou ciclonais
São áreas onde os ventos sofrem ascensão, isto é, convergem na superfície e sobem para locais mais altos da atmosfera;
São regiões de tempo predominantemente nublado e instável. Isto ocorre, pois, quanto a massa de ar ascende, ela se resfria, perdendo sua capacidade de retenção de vapor de água, causando condensação e criando nuvens.
Sistemas atmosféricos
Entendendo a relação da pressão atmosféricas, a meteorologista Helena ressalta que o sistema de alta pressão está inibindo a formação das nuvens, por causa do ar que desce de níveis mais elevados. Dificulta a entrada das massas de ar frio que vêm do Sul da América do Sul, frentes-frias. Além de dificultar as instabilidades, o ar que desce se comprime e esquenta próximo à superfície terrestre.
Em baixos níveis, o calor vem da Amazônia, contornando os Andes, que forma um cotovelo na altura do Mato Grosso do Sul, promovendo a entrada do ar quente de noroeste para o sul do Estado. Já o leste do Brasil sofre a influência do oceano Atlântico, a entrada do ar mais úmido e com temperaturas mais amenas. “A instabilidade, em termos de chuva, só conseguirá penetrar na região Sul e leste dos estados costeiros”.
Do calor de 40°C para queda de temperatura
A previsão para esta terça-feira (3) é de mais calor, com poucas nuvens e as temperaturas aumentam a partir do oeste do Estado, ultrapassando os 40°C no noroeste e oeste do à tarde, de acordo com o Inmet. Outro dia de baixa umidade do ar, especialmente no norte.
Ainda por influência da onda de calor, as temperaturas ainda estarão elevadas na quarta-feira (4), próximo aos 40°C no norte à tarde. A umidade do ar estará muito baixa nesse dia, especialmente no nordeste do Estado.
Outra área de baixa pressão, cavado, cruza o sul da cordilheira dos Andes e se desloca para o Atlântico Sul, nas costas do Uruguai e Rio Grande do Sul. Na quinta-feira (5), as temperaturas diminuem a partir do sudoeste e sul do MS, mas, essa tarde ainda estará quente e seca no nordeste.
“Por conta do número de dias com temperaturas acima da média para o mês de setembro, persistirá o aviso de onda de calor”, finaliza a meteorologista com alerta.
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