Na terça-feira (1º), como parte das atrações da 13ª edição da Semana pra Dança, a Ginga Cia de Dança apresentou, no palco do Teatro Aracy Balabanian, no CCJOG (Centro Cultural José Octávio Guizzo), em Campo Grande, o espetáculo 'Rompendo Silêncios', focado em reflexões sobre a violência de gênero.

O espetáculo inaugural da companhia, focado no combate à violência de gênero, foi 'Silêncio Branco', caracterizado por uma coreografia intensa e visceral, sob a direção de Chico Neller. Atualmente, "Rompendo Silêncios" emerge como uma releitura, trazendo uma perspectiva renovada sobre o tema, com direção da coreógrafa Vanessa Macedo.

Com o redirecionamento cênico de Vanessa Macedo, coreógrafa da Cia Fragmento de Dança, de São Paulo, a Ginga Cia de Dança remontou o espetáculo. A releitura aborda o tema da violência de gênero, recriando o imaginário sobre o assunto e destacando os marcadores do feminicídio.

Maria Fernanda Figueiró, de 24 anos, integrante do espetáculo e produtora cultural de Campo Grande, salientou as intenções de 'Rompendo Silêncios'. 

"Nós conseguimos criar outros imaginários possíveis para o enfrentamento da violência de gênero. Acho que esse espetáculo gera mais questionamentos do que certezas para o público. Ele coloca em foco o que estamos fazendo com os dados sobre feminicídio e a violência crescente. Não sabemos se os números aumentam por termos mais ferramentas para capturar esses fenômenos ou se a violência de fato está crescendo. Mas acredito que o espetáculo nos faz refletir sobre isso e sobre quais foram os pontos de resistência ao longo da história, por parte de mulheres que não aceitam o papel que lhes é imposto desde muito cedo".

Wellyngton Batista, de 29 anos, acadêmico e pesquisador de dança da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), compartilhou sua percepção sobre o espetáculo. 

"Falar sobre esse espetáculo é falar sobre a modernidade do século XXI. Ele traz uma conscientização importante para o público, especialmente sobre todos os corpos que, cada dia mais, sofrem algum tipo de violência. Ver essa conscientização sendo transmitida por meio da arte, especialmente da dança, é maravilhoso. Além disso, o fato de o evento ser acessível ao público geral é fundamental. A Semana Pra Dança amplia o acesso à arte, desmistificando a ideia de que ela é apenas para pessoas com melhores condições financeiras. É importante que pessoas de baixa renda e de regiões periféricas também tenham acesso a esse tipo de expressão cultural, especialmente a dança, que é a movimentação dos nossos corpos, e todos os corpos estão em constante movimento". 

A Semana pra Dança 2024 acontece de 30 de setembro até 6 de outubro. A programação completa de oficinas, espetáculos, coreografias e festa pode ser conferida neste link . Os ingressos para os espetáculos são gratuitos e serão liberados sempre 30 minutos antes de cada apresentação. 

O evento é realizado pelo Colegiado Estadual de Dança de MS, Associação Arado Cultural, FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura) e Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. Acompanhe a programação diária pelos perfis oficiais no Instagram da Fundação de Cultura de MS , da Arado Cultural e Semana pra Dança .

Bel Manvailer, Comunicação Setesc
Fotos: Ricardo Gomes/Setesc