Equipes do Projeto Tatu-Canastra realizaram uma captura histórica em Mato Grosso do Sul na última semana. Os pesquisadores encontraram no pantanal o maior macho da espécie já registrado em 14 anos de atuação do projeto. Além disso, o exemplar também teve seu pênis medido e o órgão ultrapassou a média de tamanho da genitália de tatus.
Conforme o projeto, um tatu-canastra adulto tem um pênis em média de 30 centímetros – um dos maiores em relação ao tamanho do corpo entre todos os mamíferos terrestres. O macho encontrado, no entanto, possui um pênis de 33 centímetros, superando o nível da maioria.
Verdadeiro achado, o exemplar foi batizado de Wolfgang, animal que impressionou os pesquisadores com seus 160 centímetros de comprimento e 36 kg de peso. Durante a captura, o tatu-canastra passou por exames de saúde e teve um rádio transmissor VHF instalado em seu corpo.
Os veterinários ainda realizaram a coleta de sêmen do animal. “Um passo importante para aprofundar o conhecimento sobre a reprodução de machos de tatu-canastra em vida livre”, afirma o Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres).
Quem conduziu o procedimento foi a médica veterinária e pesquisadora do Icas, Carolina Lobo. Ela aplicou novas técnicas e protocolos de eletroejaculação na pesquisa, que é financiada pela Rufford Foundation, do Reino Unido.
“O principal objetivo do estudo é entender melhor como funcionam a biologia e a fisiologia reprodutiva do tatu-canastra e do tamanduá-bandeira em vida livre”, explica a veterinária, que também é mestranda pela UNESP de Botucatu.
Segundo o Icas, o foco atual da pesquisa busca analisar a qualidade do sêmen e da morfologia do esperma do tatu-canastra. O objetivo é viabilizar no futuro a criopreservação do material em um banco de germoplasma animal.
Outro ponto do estudo é descobrir se há ou não perda de qualidade espermática em indivíduos mais velhos, o que, se comprovado, indicaria uma diminuição da eficiência nas reproduções – dados essenciais para a conservação da espécie.
De acordo com o Icas, o conhecimento sobre os tatus-canastras é muito limitado, pois a espécie é extremamente rara e ausente em cativeiro, fato que torna as descobertas recentes ainda mais valiosas.
“A validação dessas técnicas para monitoramento da reprodução em vida livre pode contribuir significativamente para a conservação desses dois gigantes da nossa fauna”, acrescenta a médica veterinária Carolina Lobo.
Para o Icas, a captura histórica representa um avanço nos estudos reprodutivos, que devem se estender por aproximadamente mais um ano. Cabe ainda ressaltar que o tatu-canastra é uma espécie classificada como vulnerável pela lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza).
“A preservação deste gigante é crucial para garantir o equilíbrio dos ecossistemas em que ele habita, fortalecendo a saúde ambiental e a coexistência de diferentes formas de vida”, finaliza o Instituto.