Uma manhã emocionante, repleta de depoimentos e histórias de força e luta, assim foi a sessão solene que homenageou as mães atípicas, nessa terça-feira (11), Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS). A concessão do "Troféu Celina Jallad" é alusiva ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março e contou com a presença das homenageadas de cada gabinete, entre elas: Camila Latre Dias, Edilene Pereira Ribeiro, Suany Danielly e Elizete Carneiro, ambas indicadas pela deputada estadual Gleice Jane, que compôs a mesa ao lada das parlamentares Mara Caseiro e Lia Nogueira.
Durante a solenidade, a deputada Gleice Jane lembrou os passos que levaram ao 8 de março ser o Dia Internacional da Mulher. “Um dia muito especial e construído pela luta das mulheres, em 1908, trabalhadoras reuniram-se em uma grande marcha, devido a desigualdade em direitos; em 1910, mais de 17 países organizaram-se em um dia para o debate de nossas vidas e desigualdades, e não foi marcado o dia naquele momento. No dia 8 de março de 1917, mulheres russas uniram-se. É importante olharmos para essa história, 8 de março é um dia de luta para as mulheres, marcando a desigualdades que assolam nossas vidas”, destacou.
A parlamentar frisou que a pauta deste ano são as violências contra a mulher e o feminicídio. “Tem sido uma marca e esse ano uma pauta do Ministério das Mulheres para termos o “Feminicídio Zero”. Pela primeira vez os três poderes falarem sobre o assunto. Esse pode ser um ano de avanço. A violência contra a mulher acontece de várias formas, e uma das formas é a invisibilidade das mulheres, e, neste caso, das mães atípicas, que deixam suas vidas, trabalhos, e vivem só para seus filhos, uma violência da sociedade em relação às mães atípicas. Essa luta chegou aqui, podemos transformar e construir políticas públicas para transformar esse cenário. Tenho certeza que da mesma forma que avançamos, iremos avançar mais se continuarmos juntas, enxergando as dores uma das outras, formando uma sociedade, justa e igualitária”, ressaltou Gleice Jane.
Homenageadas
Edilene Pereira Ribeiro, 41 anos, é mãe de quatro filhos, incluindo Ezequiel de 8 anos, diagnosticado com Transtorno do Espetro Autista (TEA). Sobre os desafios enfrentados diariamente, ela destaca que a falta de conhecimento por parte de toda uma sociedade é o que mais a entristece. “No início as mães sofrem com o preconceito, os olhares e reprovação e as críticas, até mesmo por parte da família. Hoje, com o auxílio da APAE, em Nova Andradina, tenho acolhimento e respaldo”, diz.
Já Suany Danielly, 31 anos, mãe do pequeno Mateus de 3 anos, garante que as descobertas ainda são constantes e intensas. “Eu sentia que meu filho era especial desde os três meses de vida. A rotina de terapias, desde bebê, fez com que nosso dia a dia fosse sempre muito turbulento. Os desafios deixam a gente mais forte, preparada, vez outra com vontade de desistir quando o cansaço extremo bate à porta, ainda assim, ser mãe é amor constante”, conta.
Elizete Carneiro, 51 anos, é mãe do jovem Bruno, autista nível três e não verbal. Residem em Mundo Novo, local que encontraram o amparo da família e também da Associação dos Autistas, onde já atuou como presidente. “Quando descobri, perdi o chão. Essa foi a sensação na época. Mas fui buscando orientação e pesquisando muito, além de conversar com outras mães, o que faz a gente entender o que de fato é o autismo. Assim, fui aprendendo a lidar com os desafios que são diários”, explica.
E há quem reforce que “a luta diária se faz mais amena quando dividida com outras mães atípicas”, conforme destaca Camila Latre Dias, 39 anos, fundadora do Grupo Comissão Mães Atípicas de MS, mãe de cinco filhos, incluindo a Isadora de 11 anos.