Gonzalo Higuaín anunciou nesta quinta-feira a sua aposentadoria da seleção argentina. Numa entrevista franca, o atacante de 31 anos desabafou sobre o seu passado e a forma como é visto no país.
- O meu ciclo acabou. Para a alegria de muitos e de outros não tanto, meu ciclo já acabou, como disseram outros companheiros (Mascherano e Biglia). Já podem deixar de se preocupar se estou ou não, que se ocupem com aqueles que estão ou ainda virão pelo bem da seleção. Quero desfrutar da minha família e aproveitar o tempo livre - disse em entrevista à "Fox Sport Argentina".
Com 31 gols em 75 jogos, o atacante encerrou sua passagem pela seleção argentina como o sexto maior artilheiro da seleção, atrás de Messi (65), Batistuta (54), Agüero (39), Crespo (35) e Maradona (34). O jogador do Chelsea disse ter conversado com o técnico Lionel Scaloni antes de tomar a decisão:
- Lionel (Scaloni) me escreveu e eu dei o meu ponto de vista. A decisão já está tomada e é o que penso que vai me fazer bem. Hoje há outros jogadores, com muita vontade, com muita alegria e lhes desejo o melhor. Digo a vocês que é muito difícil. Na Argentina se valoriza mais os gols que eu não fiz do que os que fiz. Acho que os gols nas eliminatórias são importantes também e recebem menos valor.
- Acho que fracassar é outra coisa, não atingir os objetivos, não se classificar para a Copa, e não perder três finais. Se isso é fracassar, não sei. São pontos de vistas de cada um. As pessoas se lembram do gol que você erra, não do que você fez.
Aposto que muitos que me criticaram comemoram o meu gol contra a Bélgica que nos levou à semifinal (na Copa de 2014). Assim é o futebol.
- Sinceramente, estou feliz com a carreira que fiz. Eu joguei nas melhores equipes de cada liga, não é fácil. Em todos os clubes que estive tratei de aprender e desfrutar. Às vezes se perde o respeito com o que cada um faz e avaliam outras coisas que, às vezes, não são justas, mas cada um tem a sua forma de pensar. Respeito todas as opiniões, mas peço respeito. Se as críticas não têm respeito e coerência eu não as levo em consideração.
Poderia dizer que nos faltou acreditar mais em nosso jogo ou qualquer outra coisa, mas é que chegamos a três finais. Eu adoraria responder o que faltou, posso dizer que fazer mais gols do que o rival, não sei, porque foi justamente isso a verdade. Lamentavelmente, as chances foram eu que tive e preciso arcar com os dedos apontados, o que vou fazer? Ninguém vai valorizar o processo que você fez para chegar à final. Eu não sei se muitas seleções depois das pancadas e críticas voltam a jogar outra final. É muito difícil a resposta, posso dizer depois, mas agora é muito difícil.
*Globo Esporte
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