O Flamengo fez seu melhor jogo no Carioca com Arrascaeta de titular, no lugar de Diego. Era o que a torcida pedia desde sempre.
A demora pelo "time ideia" tem motivos. Abel não queria queimar o uruguaio, que teve longo tempo de adaptação no Cruzeiro - chegou em 2015 e só foi ser titular em 2017. Manter Diego no time cumpriu o propósito de adaptar o time a uma nova ideia de jogo e fazer o rodízio que Abel proclamou no início do ano. Adicione a isso uma ideia equivocada sobre o jogador: ele não é, nem nunca foi um camisa 10. Um pensador de jogo, um articulador como Diego.
Fisicamente mais rápido, mas menos forte, ele cresce quando tem espaço para correr e se movimenta de dentro para fora. Um lance deixou claro a dificuldade de jogar assim: a bola perdida para o Fluminense na semifinal da Taça Guanabara. Sua entrada exige ajustes, como o "novo" 4-2-3-1 exibido contra o Vasco: Arrasca na esquerda, Gabigol na direita, invertendo com Bruno Henrique, e Éverton Ribeiro, que sempre joga do lado direito e puxa para dentro.
Flamengo joga num 4-2-3-1, com Gabigol, Éverton Ribeiro e Arrascaeta compondo a linha de meias — Foto: Leonardo Miranda
Mobilidade com Arrascaeta saindo da esquerda — Foto: Leonardo Miranda
Na sequência da jogada, você vê que apenas um lateral está apoiando. Ele vai passar para Arrascaeta. É outra mudança na estrutura: o papel dos laterais. Se antes eles precisavam avançar para triangular com Diego e Éverton, agora eles seguram mais, já que Arrascatea está sempre perto da área. É mais vantajoso ter apenas um para fazer o cruzamento e outro perto dos zagueiros, protegendo o time em caso de contra-ataque.
Arrascaeta perto do gol no Flamengo — Foto: Leonardo Miranda
A principal perda coletiva é na saída de bola. Arrascaeta não é de buscar o jogo dos zagueiros e pensar as jogadas, papel que ficou quase que exclusivamente com Éverton Ribeiro. O Vasco não subiu tanto a marcação nesses momentos e o Fla conseguiu sair jogando com bastante calma. Mas contra times mais fortes, incluindo na Libertadores, pode ser mais vantajoso preservar mais a bola e controlar o ritmo da partida.
Flamengo construindo as jogadas com Éverton Ribeiro mais centralizado — Foto: Leonardo Miranda
Em contraponto, o time ganha objetividade. Qualquer contra-ataque ou bola mais longa vira perigo. Foi assim que o segundo gol começou, numa jogada de linha de fundo.
Arrascaeta puxa a jogada do segundo gol — Foto: Leonardo Miranda
É normal um time não convencer em março, com apenas 2 meses num clube. O trabalho dos técnicos é sempre a longo prazo. Sempre há um próximo jogo. É um universo diferente da pilha das redes sociais. Quem ganha com essa "demora" programada e muito criticada foi o Flamengo. Quase classificado na Libertadores, a equipe ganha importantes variações para o longo e difícil Brasileirão, além de cumprir a necessidade de vencer o longo inverno do estadual com uma grande atuação no maior rival.
*Globo Esporte
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