Em uma escalada diplomática sem precedentes, os Estados Unidos cancelaram os vistos de entrada de sete ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de seus familiares. A medida foi anunciada oficialmente nesta semana e é considerada uma resposta direta à decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além de Moraes, a lista de autoridades com vistos revogados inclui os ministros Luís Roberto Barroso (presidente do STF), Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes. A justificativa oficial apresentada pela Casa Branca foi de que essas autoridades estariam envolvidas em decisões que “possivelmente teriam consequências adversas e graves para a política externa dos EUA”.
Ficaram de fora da medida os ministros André Mendonça e Nunes Marques — ambos indicados por Bolsonaro — e Luiz Fux, que tem adotado posturas críticas em relação à atuação do STF nos julgamentos sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.
A decisão partiu do Departamento de Estado americano e foi confirmada por Marco Rubio, atual secretário de Estado do governo de Donald Trump. Segundo ele, os ministros estariam atuando de forma “incompatível com princípios democráticos”, ao imporem medidas consideradas autoritárias contra o ex-presidente Bolsonaro e ao aprovarem diretrizes de responsabilização de plataformas digitais — pauta sensível para a direita norte-americana.
A medida gerou forte reação do governo brasileiro. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou a ação como “uma afronta ao Poder Judiciário brasileiro e à soberania nacional”. Até o momento, o STF não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
Com a decisão, o clima entre os dois países tende a azedar, reacendendo o debate sobre interferência externa e a politização das relações diplomáticas. Especialistas apontam que a medida deve tensionar ainda mais a já delicada relação entre os governos Lula e Trump, em um cenário pré-eleitoral carregado de interesses cruzados.
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