Muitos empreendedores enfrentam dificuldades para interpretar corretamente as regras do regime tributário em que estão enquadrados. Essa falta de clareza pode levar ao pagamento de impostos acima do necessário, comprometendo o fluxo de caixa e a competitividade da empresa.
Erros no enquadramento e na interpretação das alíquotas aplicáveis são mais comuns do que se imagina — e esses equívocos acabam impactando diretamente o crescimento e a saúde financeira dos negócios. Uma análise tributária mais estratégica pode evitar prejuízos e abrir espaço para novos investimentos.
O regime tributário do Simples Nacional, adotado por mais de 18 milhões de empresas no Brasil, foi criado com o objetivo de simplificar a vida do pequeno empreendedor. No entanto, na prática, muitos empresários acabam enfrentando desafios que comprometem a economia prometida pelo modelo.
De acordo com Jomar Alves, contador e especialista tributário da Zurich Contábil, é comum que micro e pequenas empresas paguem mais impostos do que o necessário por falhas de orientação, desconhecimento das regras e má interpretação da legislação. Esses erros impactam diretamente o caixa, a competitividade e a capacidade de crescimento dos negócios.
Simples Nacional: regime pode não ser tão vantajoso quanto parece
Embora a proposta do Simples Nacional seja a redução da burocracia e da carga tributária, muitos empreendedores não percebem que o modelo possui regras complexas. “O Simples Nacional não é tão simples quanto parece. A fórmula de cálculo, a tabela progressiva e os anexos específicos tornam o regime complexo e, em muitos casos, injusto para o empresário desavisado”, afirma Jomar Alves.
Um dos principais pontos de confusão está no chamado fator R, que determina se uma empresa de serviços será tributada com alíquotas mais baixas (Anexo III) ou mais altas (Anexo V). Muitos empresários desconhecem esse critério e acabam sendo enquadrados na faixa mais onerosa.
Agrupamento inadequado de produtos e falta de revisão impactam diretamente no custo
Outro erro recorrente, inclusive entre profissionais de contabilidade, é tratar todos os produtos ou serviços como pertencentes ao mesmo anexo, sem considerar suas especificidades. “Cada item comercializado deve ser analisado separadamente. Agrupar tudo de forma genérica pode levar à aplicação de alíquotas incorretas e, consequentemente, ao pagamento de impostos indevidos”, alerta o especialista.
Além disso, empresas que ultrapassam certos limites de receita ou que não realizam corretamente o abatimento de despesas podem enfrentar uma alíquota efetiva muito maior do que a prevista. “Já atendemos empresas que pagavam entre 4% e 10% a mais de tributos por mês apenas por estarem mal enquadradas”, completa.
Revisão tributária: prática preventiva que pode gerar economia real
Segundo levantamento interno da Zurich Contábil, cerca de 45% das empresas atendidas apresentavam inconsistências tributárias que poderiam ser resolvidas com uma análise estratégica da atividade econômica, do regime adotado e da forma de distribuição dos lucros.
Para o especialista, é essencial que as empresas realizem uma revisão tributária ao menos uma vez por ano, especialmente em períodos de mudança legislativa ou variação significativa na receita. “Muitos insistem no Simples Nacional por medo ou desconhecimento de regimes alternativos, como o Lucro Presumido ou Lucro Real, que podem ser mais vantajosos conforme a estrutura e o setor de atuação”, explica Jomar.
Reforma Tributária exige atenção redobrada das micro e pequenas empresas
A partir de 2026, as mudanças previstas com a Reforma Tributária devem afetar diretamente os regimes de tributação. Ainda que o foco inicial seja o Lucro Real e o Presumido, especialistas acreditam que os reflexos também atingirão o Simples Nacional, especialmente nos critérios de enquadramento e nas estratégias de planejamento tributário.
“Empresas que hoje já enfrentam dificuldades com a complexidade do Simples precisam redobrar os cuidados no momento de transição, pois os riscos de pagar mais impostos por falta de atualização serão ainda maiores”, alerta o contador.
Contabilidade consultiva: estratégia para crescer
A contabilidade deixou de ser apenas uma função operacional. Com o avanço da tecnologia e da inteligência fiscal, o contador passou a desempenhar um papel estratégico nos negócios. “Hoje, não basta emitir guias e declarar impostos. O contador precisa atuar como um parceiro de negócios, antecipando riscos e buscando oportunidades de economia legal”, afirma Jomar Alves.
Contar com uma assessoria contábil especializada e atualizada é fundamental para garantir segurança jurídica, eficiência tributária e crescimento sustentável. “Empresas que buscam longevidade e competitividade precisam entender que pagar apenas o justo é uma questão de estratégia”, conclui.
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