Com a proposta de promover a amamentação e incentivar sua prática até os dois anos de idade, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) apoia e amplia a visibilidade da Semana Estadual da Amamentação, que conscientiza a população sobre os inúmeros benefícios do leite materno para a saúde e o desenvolvimento da criança, além de estreitar o vínculo entre mãe e bebê. A data integra o Calendário Oficial de Eventos do Estado.
Instituída pela Lei 4728, de 29 de setembro de 2015 , a iniciativa foi proposta pela então deputada Antonieta Amorim, para ser realizada anualmente, entre 1º e 8 de agosto. A lei prevê a promoção de um evento especial com atendimento, orientações para mães, doação de leite materno e a realização do “Mamaço” - encontro coletivo de mães para amamentação. De acordo com a legislação, a programação será coordenada por órgãos de saúde e assistência social, com apoio de bancos de leite e grupos de auxílio ao aleitamento. Para isso, a campanha pode contar com palestras, seminários, debates e campanhas informativas, em parceria com órgãos públicos e privados, destacando a importância desse ato natural e essencial para a vida.
A importância da iniciativa também se reflete na experiência de mães que pretendem amamentar e enfrentam desafios. O depoimento a seguir mostra que, mesmo diante das dificuldades, é possível persistir e desfrutar dos inúmeros benefícios desse momento essencial.
O início desafiador da amamentação de Carolina com a filha Lorena: "Não sabia se ela estava mamando”
O primeiro contato com a amamentação da Engenheira Florestal, Carolina Zoéga, de 40 anos, aconteceu logo após o nascimento da filha Lorena, por meio de uma cesárea. “Lembro do momento, eu ainda estava um pouco grogue por causa da anestesia do parto cesárea. Tive que ficar deitada e quando trouxeram a minha filha para mamar, foi muito difícil. Ela não pegou o peito logo de cara e eu não conseguia amamentar deitada”, relembra.
Na época, Carolina e seu marido Felipe moravam na Bahia, onde o protocolo do hospital previa alta um dia após o parto. “Fui para casa sem saber se ela estava mamando de verdade. E como não tinha uma rede de apoio porque minha família é toda de São Paulo, eu achava que estava tudo bem”. Ela conta que o marido foi fundamental nesse período, mas mesmo com o apoio dele, sentia falta de mais orientação e suporte.
Três dias depois, a bebê começou a apresentar sinais de fraqueza. “Eu e o Felipe levamos a Lorena para o hospital e descobrimos que ela estava com a glicemia muito baixa. Ela não estava mamando direito, foi desesperador. A liberação aconteceu e não me instruíram como dar de mamar”, desabafa Carolina, que precisou contratar uma consultora de amamentação para garantir que a filha estivesse, de fato, sendo nutrida. “Ela ficava com a boquinha no seio, mas eu não sabia se ela estava mamando muito, pouco ou nada”.
Além da dificuldade inicial, Carolina enfrentou outro obstáculo: o refluxo constante da bebê. “Ela mamava e vomitava tudo. Era raro não vomitar”, relata. A orientação médica foi investigar possíveis alergias. “Comecei eliminando o leite de vaca da minha dieta e foi ‘tiro e queda’, com efeito imediato. Ela parou de vomitar mas foi muito estressante porque eu passava o dia inteiro no quarto tentando amamentar”.
A jornada durou três meses até que a família descobriu que Lorena era alérgica à proteína do leite de vaca - condição que permanece até hoje, com 7 anos. “Amamentei por dois anos e meio, fazendo dieta restrita. Era a forma de garantir que ela recebesse todos os nutrientes, especialmente o cálcio”, afirma.
Apesar do início turbulento, a mamãe guarda com carinho os momentos ao lado da filha. “Depois que tudo se acertou, a amamentação se tornou algo extremamente prazeroso. Era o nosso momento. Lembro de contar historinhas pra ela enquanto mamava e vê-la pegando no sono com a barriguinha cheia... não tem coisa mais gostosa”.
Para ela, a experiência deixa uma lição importante. “A amamentação pode ser fácil para algumas, mas muito difícil para outras, principalmente mães de primeira viagem. Se não forem bem orientadas, isso pode virar um problema grave. Graças a Deus a gente percebeu a tempo e ficou tudo bem”, reflete Carolina Zoéga.
Benefícios da Amamentação
O relato de Carolina demonstra que, apesar dos desafios e das incertezas enfrentadas no início da amamentação, com paciência, informação e apoio, é possível transformar um momento difícil em uma experiência de superação e fortalecimento do vínculo com o bebê. Assim como ela, muitas mães descobrem que, embora passem por inúmeras dificuldades, persistir na amamentação proporciona não apenas um sentimento de conquista, mas também diversos benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe.
Conforme o Ministério da Saúde, a amamentação é um processo que envolve uma interação profunda entre mãe e filho, fortalecendo o vínculo e trazendo repercussões no estado nutricional da criança, na sua capacidade de defesa contra infecções, na fisiologia e no desenvolvimento cognitivo e emocional. O órgão enfatiza que o leite materno protege o bebê e reduz o risco de diarreias, infecções e doenças crônicas. Além de contribuir para o desenvolvimento físico, diminui as chances de câncer de mama, ovário e útero na mulher. É um alimento natural, acessível, renovável e sustentável, pois não polui o meio ambiente e ajuda a preservar o planeta. Ainda segundo informou o órgão no ano passado, o consumo de leite materno pode reduzir a mortalidade infantil em até 13%.
Todas as mães têm o direito de amamentar seus filhos, e o aleitamento materno é também um direito da criança. Segundo o artigo 9º do Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever do governo, das instituições e dos empregadores garantir condições propícias ao aleitamento materno. A meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, até este ano, pelo menos 50% das crianças de até seis meses sejam amamentadas exclusivamente. O governo brasileiro espera alcançar 70% de aleitamento materno exclusivo até 2030, conforme reafirmado em campanhas recentes do Ministério da Saúde.
Durante um evento promovido em março deste ano pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), em Campo Grande-MS, com o tema alimentação complementar saudável, foram divulgados indicadores que mostram que, em Mato Grosso do Sul, 63% dos bebês recebem exclusivamente leite materno nos primeiros seis meses de vida, ou seja, sem a introdução de outros alimentos ou líquidos nesse período. Além disso, o estado registra 60% de aleitamento materno complementar, quando a criança recebe alimentos sólidos ou semissólidos juntamente com o leite materno, entre seis meses e dois anos de idade. O encontro foi promovido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Presente no Brasil desde 1950, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) promove os direitos e o bem-estar de crianças e adolescentes. De acordo com o órgão, os bebês recém-nascidos devem permanecer próximos às suas mães e ser amamentados na primeira hora após o parto, o que pode reduzir a mortalidade neonatal, que ocorre até o 28º dia de vida. O colostro, leite amarelado e espesso produzido pela mãe nos primeiros dias após o nascimento, é o alimento ideal para os recém-nascidos. O Unicef reforça que esse leite é altamente nutritivo e ajuda a proteger o bebê contra infecções.
Semana Mundial da Amamentação
Entre os dias 1º e 7 de agosto, o Brasil se une ao mundo na Semana Mundial da Amamentação, que em 2025 apresenta o tema: “Priorizemos a Amamentação: Construindo Sistemas de Apoio Sustentáveis”, destacando a importância do aleitamento materno não apenas para a saúde das crianças e das mulheres, mas também para a sustentabilidade do planeta. Ao contrário das fórmulas infantis e outros leites, o leite materno não gera resíduos, não necessita de transporte ou embalagens, e reduz o uso de água, combustível e energia. Amamentar é cuidar da criança e também do mundo em que ela irá crescer. Essa campanha nacional é conhecida como Agosto Dourado, simbolizando a luta pelo incentivo à amamentação; a cor está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. Saiba mais sobre a iniciativa nacional e informações fundamentais do tema aqui . Para acessar o conteúdo do Ministério da Saúde sobre a amamentação, benefícios e dicas clique aqui .
O Unicef Brasil explica, no vídeo abaixo, como acontece a amamentação:
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