A maturidade em segurança do trabalho deixou de ser apenas um indicador de conformidade legal e passou a ser considerada um fator estratégico para a sustentabilidade das organizações. O conceito envolve a aplicação de práticas sistematizadas para prevenir acidentes, reduzir doenças ocupacionais e integrar a segurança à gestão da empresa.
De acordo com dados do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT) 2023, do Ministério da Previdência Social, o Brasil registrou 732.751 acidentes de trabalho ao longo de 2023. Desse total, 651.476 tiveram Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) registrada.
Os custos com a saúde do trabalhador também merecem atenção. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em sua Sondagem Especial nº 93 de 2023, aponta que o custo regulatório para a indústria brasileira atingiu R$ 243,7 bilhões. Esse valor inclui despesas com processos administrativos, licenças e adequações às normas legais.
Um estudo do Health Advantage Appreciation Fund, que avalia empresas com práticas estruturadas de promoção à saúde, identificou que aquelas com uma cultura consolidada em saúde ocupacional apresentaram valorização de 2% acima da média do mercado. A pesquisa relaciona o engajamento em saúde e segurança a indicadores de desempenho financeiro positivos.
Para o Dr. Marco Aurélio Bussacarini, médico do trabalho e CEO da Aventus Ocupacional, investir em segurança do trabalho vai além da obrigação legal. "Segurança não é custo, é estratégia. Ambientes seguros apresentam menor absenteísmo, maior engajamento e menos gastos com afastamentos, ações judiciais e retrabalho", afirma.
Ele ressalta que a consolidação de uma cultura de segurança depende da postura da liderança. "Líderes atuantes na gestão de riscos operacionais, que promovem escuta ativa e incentivam a participação dos trabalhadores, criam ambientes de confiança que favorecem a prevenção e contribuem para a evolução da maturidade em saúde e segurança do trabalho. Investir em segurança é, definitivamente, investir no futuro da empresa."
Ainda de acordo com Bussacarini, especialista da área de Segurança e Saúde do Trabalho (SST), aumentar o nível de maturidade em segurança envolve atuação contínua e integrada, com a participação ativa dos trabalhadores. Entre as práticas recomendadas estão comitês de segurança, reconhecimento de boas práticas e canais de comunicação direta para relatos de risco.
O uso de tecnologias como sensores inteligentes, softwares de gestão de SST, análise preditiva e inteligência artificial também têm sido incorporados. Esses recursos permitem antecipar falhas, detectar padrões de comportamento e intervir antes que incidentes com impactos operacionais e humanos ocorram.
Empresas com maior grau de maturidade monitoram indicadores como taxa de frequência, taxa de gravidade, dias perdidos e registros de quase-acidentes. A análise sistemática desses dados, associada a auditorias internas, viabiliza decisões baseadas em evidências e ações corretivas eficazes.
A maturidade em SST implica em uma mudança de paradigma: sair do modelo reativo, focado em responder a acidentes, e migrar para uma cultura preventiva. Nessa cultura, os riscos são identificados, avaliados e controlados antes de provocarem danos.
A construção de uma cultura sólida em segurança é um processo contínuo, baseado em liderança ativa, participação dos trabalhadores, uso de tecnologia e monitoramento de indicadores. Essa abordagem tem sido associada à redução de custos operacionais, aumento da produtividade e fortalecimento da reputação institucional das empresas.
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