Com o objetivo de promover saúde mental, dignidade e práticas mais humanizadas no ambiente prisional, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) inaugurou, nesta quinta-feira (7.8), o Espaço Terapêutico da Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, em Campo Grande. Também foi realizada a apresentação oficial do Projeto de Intervenção – Cuidado Humanizado em Saúde Mental no Cárcere, uma iniciativa que utiliza práticas integrativas e complementares de saúde para oferecer atenção especializada a internos em sofrimento psíquico.
Desenvolvido no âmbito do curso “Saúde e Bem Viver: Cuidado Integral para a Saúde Mental”, promovido pela Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser e pelo Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (ObservaPICS), o projeto é fruto da dedicação da enfermeira Alessandra Batistoti, idealizadora da ação e profissional da saúde na unidade prisional.
O projeto foi construído a partir da metodologia ativa do Arco de Maguerez, que trabalha com observação da realidade; pontos-chaves; teorização; hipótese de solução; e aplicação à realidade. Sendo também aliada às Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, como meditação, escuta terapêutica, aromaterapia, auriculoterapia e yogaterapia. "A proposta é oferecer aos internos um cuidado mais humano, mais próximo e transformador, respeitando a individualidade de cada um e promovendo saúde mental de forma integral”, explica Alessandra.
O Espaço Terapêutico está instalado no setor da enfermaria da unidade. O ambiente foi especialmente ambientado com plantas, iluminação suave e sonoridades naturais, proporcionando aos internos uma experiência simbólica de liberdade, introspecção e cuidado. Já estão sendo ofertadas no local práticas como automassagem, rodas de conversa, meditação, aromaterapia, auriculoterapia e yogaterapia.
Segundo a idealizadora, os resultados foram imediatos e comoventes. “Tivemos relatos espontâneos de bem-estar, lembranças afetivas resgatadas, momentos de silêncio, canto, lágrimas e sorrisos. Foi possível perceber não só um alívio de sintomas, mas também o fortalecimento da autoestima e o resgate de um novo projeto de vida para muitos dos participantes”, afirma Alessandra.
Durante a solenidade, o diretor da unidade prisional, Evandro Mota, destacou o impacto positivo da iniciativa. “Estamos criando uma nova possibilidade de cuidado dentro do sistema prisional. Esse espaço representa um marco, pois demonstra que é possível promover saúde e dignidade, mesmo dentro de um ambiente marcado por tantas adversidades”, ressaltou.
Representando a SES (Secretaria de Estado de Saúde), a gerente de Saúde do Sistema Prisional da SES, Martha Maria Torres Soares Goulart, destacou a importância da implantação das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - PICS no sistema prisional como alternativa eficaz no cuidado aos custodiados, contribuindo para a redução do uso excessivo de medicamentos. "A transformação começa com profissionais engajados na ponta, capazes de fazer a diferença na vida das pessoas privadas de liberdade e o atendimento deve ir além do cuidado básico, promovendo escuta qualificada, acolhimento e dignidade", informou, reforçando o compromisso da Secretaria de Estado de Saúde em apoiar ações que tragam mudanças reais na rotina dos internos e também na saúde dos trabalhadores.
O diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini,reforçou o compromisso institucional com ações que valorizem a dignidade humana e a promoção da saúde integral no cárcere. “Esse projeto mostra que a busca da ressocialização e a não reincidência desses apenados é possível. A Agepen tem investido em ações que promovam uma nova realidade dentro das nossas unidades prisionais, aliando ressocialização, saúde e humanidade”, afirmou.
O projeto “Cuidado Humanizado em Saúde Mental no Cárcere” seguirá em andamento, com o objetivo de ampliar o alcance das práticas terapêuticas e integrá-las de forma permanente à rotina prisional. Mais do que uma ação pontual, a iniciativa se consolida como um modelo de cuidado transformador,que reconhece que saúde mental, dignidade e atenção são direitos de todos — inclusive de quem cumpre pena.
A inauguração contou com a apresentação musical do instrumentista Gabriel do Carmo e da violinista Giovanna Coimbra; além de exercícios práticos e integrativos com a técnica Patrícia Mecatti Domingos. Ao final, servidores e colaboradores puderam receber auriculoterapia também.
A agenda também contou com visitação técnica e institucional realizada por representantes da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário, como parte do programa Gestão Presente.
A iniciativa visa aproximar a administração das unidades prisionais, ouvindo demandas, acompanhando de perto os desafios e identificando oportunidades de melhorias em infraestrutura, atendimento e gestão, além da troca de experiências e boas práticas entre os gestores.
Durante a passagem pela Gameleira 2, foram analisadas as condições estruturais da unidade, o funcionamento dos serviços e projetos em andamento, além de reforçar o compromisso da Agepen com a valorização do trabalho dos servidores e a qualificação das políticas penitenciárias em todo o estado.
Texto e fotos: Assessoria da Agepen/MS.
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