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Sessão Solene homenageia “Amigos do Transplante” e destaca compromisso com a saúde em MS
Em uma noite marcada por reconhecimento e emoção, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) realizou, nesta segunda-feira (22), a Sess...
22/09/2025 22h25
Por: Tribuna Popular Fonte: Assembleia Legislativa - MS

Em uma noite marcada por reconhecimento e emoção, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) realizou, nesta segunda-feira (22), a Sessão Solene de Entrega do Diploma de Honra ao Mérito Legislativo “Amigo do Transplante”, instituído pela Resolução 32/2019  (página 2). A homenagem, proposta pelo deputado e 1º vice-presidente do Parlamento, Renato Câmara (MDB), aconteceu no Plenário Deputado Júlio Maia e reconheceu cidadãos e instituições que contribuem de forma exemplar para o fortalecimento da doação e dos transplantes de órgãos e tecidos no Estado.

A solenidade ocorreu em parceria com a Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul (CET-MS) e Associação de Apoio ao Transplante de Órgãos e Tecidos de Mato Grosso do Sul (Fratello), contando com a presença de autoridades, familiares, representantes da área da saúde e convidados.

Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
Renato Câmara enfatiza que comunicar à família a vontade de doar órgãos salva vidas

Após a execução do Hino de Mato Grosso do Sul, Renato Câmara abriu oficialmente a sessão, reforçando a relevância de reconhecer o trabalho dos profissionais da saúde e das entidades que atuam para ampliar o número de doadores em Mato Grosso do Sul. Ele lembrou que o Estado já ocupa posição de destaque nacional e que o diálogo com a população é essencial para salvar vidas. “Nós estamos na Semana Estadual de Conscientização e Doação de Órgãos e Tecidos e essa valorização é fundamental. Estamos falando de pessoas que têm feito a diferença nesse trabalho e que contribuem para quebrar barreiras em relação à doação de órgãos”, afirmou. “O Mato Grosso do Sul já é o quarto colocado em transplante de fígado no país. É uma ação que começou há pouco mais de um ano e já nos tornou referência no Brasil. Isso é fruto do esforço de muita gente, de diversas entidades, junto com o Governo do Estado, o Governo Federal e também com o apoio da Assembleia Legislativa”, disse.

Renato Câmara destacou que o principal caminho para aumentar o número de doações é a informação. “A conscientização é essencial para superar preconceitos e medos. Nosso papel, enquanto representantes do povo, é ajudar a levar informação às pessoas e valorizar os profissionais que trabalham diretamente com isso”, pontuou.

O deputado aproveitou para deixar um recado aos sul-mato-grossenses que desejam ser doadores de órgãos. “Isso é tão simples: fale com sua família. Avise sua esposa, seu marido, seus filhos, que você é doador. No momento oportuno, esse gesto garante o ‘sim’ da família para que a doação aconteça. Essa é a primeira etapa para salvar vidas”, exemplificou. 

Ele também incentivou quem ainda tem dúvidas sobre o tema a buscar mais informações. “Se você quer ser doador ou ainda não tem certeza, procure saber mais. Tire suas dúvidas e participe dessa corrente do bem. Cada doação pode transformar completamente a vida de outra pessoa”, concluiu.

Doação de Órgãos no Estado

Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
Claire Carmen Miozzo falou acerca do índice da negativa familiar

Durante o evento, a coordenadora da CET-MS, Claire Carmen Miozzo, destacou o impacto do engajamento da sociedade e das parcerias institucionais para fortalecer o tema. Ela lembrou as ações do Setembro Verde, campanha dedicada à conscientização sobre doação de órgãos e tecidos. “Esse evento é uma forma de homenagear nossos colaboradores, as equipes de saúde, as instituições e todas as pessoas que colaboram para o processo de doação e transplante no Estado. É extremamente importante porque fomenta a doação e sobre falar do processo. Para você ser um doador, precisa conversar com a sua família. Quando todo mundo está falando sobre o assunto, você acaba comentando em casa sua vontade de doar”, apontou.

Ela reforçou que a decisão final depende dos familiares. “Quem autoriza a doação é a família. Então, quem precisa saber do seu desejo são seus familiares. Se isso fica claro em vida, no momento difícil, a família tem mais segurança para dizer ‘sim’”, completou. Questionada sobre os principais desafios para ampliar a doação de órgãos, a coordenadora destacou: “O maior desafio ainda é reverter a negativa familiar. Hoje, no nosso Estado, essa taxa é de cerca de 60%. Isso significa que, de cada 10 entrevistas com famílias, seis dizem não. Precisamos diminuir esse índice para aumentar o número de doadores”, finalizou.

Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
"O ideal é realizar o transplante em nosso Estado”, argumentou Antônio Lastória

O médico e superintende de Relações Intersetoriais da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Antônio Lastória, ressaltou a importância da divulgação e apontou metas para o fortalecimento do sistema de captação e transplantes no Estado. “O evento é sempre importante no sentido da divulgação. Assim como a doação de sangue, a doação de órgãos - ainda mais - é um ato de altruísmo total que precisa ser amplamente divulgado. Uma das razões para a diminuição dos nossos níveis de transplante passa justamente por essa falta de visibilidade”, afirmou Lastoria.

Ele explicou que a concentração dos procedimentos em apenas uma cidade é outro fator que limita os números. “Hoje só temos Campo Grande como centro transplantador. Estamos trabalhando para implantar, em Dourados, um centro de transplante de córnea e renal. Mesmo na Capital, contamos apenas com a Santa Casa. Agora, com a entrada de uma equipe nova no Hospital do Pênfigo, temos uma expectativa muito grande. Os números de transplantes de fígado já demonstram avanços, e a equipe está quase apta a receber habilitação do Ministério da Saúde para transplantes renais, pancreáticos e musculoesqueléticos”, evidenciou.

Lastória mencionou ainda a necessidade de ampliar a estrutura para evitar o envio de órgãos para outros estados. “Muitos anos tivemos fila zero para transplante de córnea. Hoje, infelizmente, temos fila novamente. Contamos com 23 equipes autorizadas a realizar transplantes, mas falta divulgação. É um procedimento rápido retirar uma córnea, e ainda assim muitas doações acabam indo para fora. Quando não conseguimos transplantar aqui, órgãos são enviados por meio da Central Nacional, e equipes de São Paulo ou Brasília vêm buscá-los. Pelo menos não se perde a doação, mas o ideal é realizar o transplante em nosso Estado”, argumentou.

Para o médico, campanhas como a realizada na Assembleia Legislativa são essenciais para mudar esse cenário. “Movimentos como esse só enriquecem e dão visibilidade ao tema. Precisamos insistir para que a doação de órgãos se torne uma consciência de toda a população”, concluiu.

Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
João Paulo Corrêa destacou os avanços nos transplantes em MS

O presidente da Associação de Apoio ao Transplante de Órgãos e Tecidos de Mato Grosso do Sul (Fratello), João Paulo Corrêa, colocou o papel da instituição na ampliação dos transplantes no Estado e a importância do apoio das políticas públicas para fortalecer a causa. A entidade, fundada há quase três anos, passou a realizar transplantes em Campo Grande há cerca de um ano e meio, em parceria com o Hospital do Pênfigo. “Antes, essas cirurgias eram feitas em Sorocaba, com a nossa equipe de lá. Hoje, tudo é realizado aqui em Campo Grande, com o suporte do Hospital do Pênfigo. Além disso, investimos em especializações em cirurgia geral e outras formações necessárias ao transplante, todas dentro do hospital”, explicou.

Ele destacou o papel da Fratello como elo entre diferentes setores. “A Fratello é uma ponte entre a sociedade, o poder público e as pessoas que precisam de transplantes. Quanto mais o poder público apoiar essa causa, mais conseguiremos avançar”, reforçou. Sobre o futuro, o presidente da Fratello se mostrou otimista. “As expectativas são excelentes. Em cerca de seis meses devemos iniciar os transplantes renais e de pâncreas. E, ao longo dos próximos cinco anos, temos muitos projetos - entre eles, trazer o transplante multivisceral para Mato Grosso do Sul. Essa modalidade ainda não é executada no Brasil, existe apenas em países de tecnologia de ponta, mas estamos trabalhando para que se torne realidade aqui. Nosso objetivo é atender uma população que hoje enfrenta longas filas de espera, especialmente para transplantes renais”, concluiu.

Homenageados

Durante a cerimônia, foram apresentados os currículos dos indicados e entregues os diplomas de Honra ao Mérito Legislativo. Para falar em nomes dos homenageados, o médico Gustavo Alves Rapassi parabenizou os hospitais sul-mato-grossenses e ressaltou a importância da logística, da organização e do apoio institucional para fortalecer o sistema de transplantes no Estado. Rapassi lembrou que já visitou unidades em diversas cidades, como Três Lagoas, Dourados e Campo Grande, mas apontou a necessidade de ampliar a atuação para outras regiões. “Sentimos falta de Corumbá e Ponta Porã, que sabemos ter potencial para colaborar ainda mais com a doação de órgãos”, pontuou.

Ele agradeceu às equipes médicas e a todos os profissionais envolvidos, destacando o trabalho silencioso de muitas pessoas que, direta ou indiretamente, contribuem para salvar vidas. “Quando falamos de transplante de órgãos, existe uma infinidade de pessoas que influenciam nesse resultado. De nada adianta que as equipes consigam doadores, de nada adianta termos disponibilidade para ir, se não houver uma rede funcionando”, observou.

Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
Gustavo Rapassi pontua os avanços e desafios da doação de órgãos em MS

Rapassi enfatizou também a relevância da logística no Centro-Oeste e agradeceu o apoio de instituições como a Polícia Militar, a Força Aérea, a Polícia Rodoviária Federal e a Casa Militar. “As condições logísticas impactam diretamente. Essas instituições sempre nos ajudaram quando foi possível e não mediram esforços para apoiar esse trabalho”, disse.

Outro ponto destacado foi a fiscalização do Ministério Público, pois o acompanhamento é essencial para preservar a seriedade do processo de transplantes. “Estamos lidando com uma quantidade de recursos financeiros relevante. Grandes projetos podem dar brecha para pessoas não tão bem-intencionadas e a verificação do órgão é fundamental para manter a credibilidade conquistada pelo transplante em todo o Brasil”. Ele também reforçou que apenas o investimento financeiro não garante o sucesso dos programas. “Quando falamos de um estado que talvez não tenha tanta tradição em transplantes como o nosso, percebemos que dinheiro, sozinho, não é suficiente. Questões de processo e organização - ou a falta delas - impactam diretamente o resultado e dificultam o acesso dos pacientes aos hospitais que realizam transplantes”, observou. Por fim, Rapassi defendeu que Mato Grosso do Sul pode evoluir observando os exemplos de estados vizinhos: “Sempre fizemos divisa com São Paulo e Paraná, que têm tradição histórica em transplantes. Temos muito a aprender com eles e muito a melhorar para alcançar resultados ainda melhores”, ressaltou. 

Os homenageados da solenidade foram: Eduardo Corrêa Riedel, Humberto Rezende Pereira, Maurício Simões Corrêa, Marcelo Ferreira Miranda, Daniela Cristina Guiotti, Antônio Lastória, Josi Mariane Thaler Martini Rocha, Carlos Alberto Nunes Carneiro, Célia Cristina Moro Medina Lopes, Carolina Bernal de Lucena, Evelyn Silvia Barbosa Meira, Guilherme Salati Stangarlin, Gustavo Alves Rapassi, Gustavo Souza Gonçalves, Jaqueline Pozzolo Ogeda, José Augusto de Oliveira Botelho, Marina Xavier Molina Tabosa, Renato Hideki Yamada, Thiago Frainer Gonçalves, Vitor Montanholi Martins, João Paulo Correa, Everton Martim, José Raul Espinosa Cacho, Letícia Carneiro, Alex Marques Crus, Patrícia Rubini, Carlos Coimbra, Ludelça Dorneles dos Santos, Alir Terra Lima, Cátia Teresinha Duarte de Almeida, Fernando Antonio Vinhal dos Santos, Marielly Vilela Dornelles, Patrícia Berg Gonçalves Pereira Leal, Rosana Maria da Silva dos Santos, Eraldo José dos Santos, Michelli Abati Bordeaux Rego Ronconi, Coronel Silva Neto, João Paulo Pinheiro Bueno, Dalva Barbosa Savo, Geovanna dos Santos Azevedo, José Amarildo Avanci Junior, Marcelo Fontes da Silva e Guilherme Correa da Costa Leite e Marcio Padilha Lima

Além do deputado Renato Câmara, a mesa de autoridades foi composta pelo secretário de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania (Setescc), Marcelo Ferreira Miranda, pelo superintende de Relações Intersetoriais da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Antônio Lastória, pelo presidente da Fratello - entidade parceira da iniciativa -, João Paulo Corrêa, e pela coordenadora da CET-MS, Claire Carmen Miozzo. A solenidade encerrou-se com agradecimentos às autoridades, homenageados e público presente. O proponente reafirmou o compromisso da ALEMS e parceiros em promover políticas públicas e ações que salvam vidas por meio da doação de órgãos. 

Serviço

A sessão solene teve cobertura jornalística da Comunicação da ALEMS, com transmissão ao vivo pelo  Facebook  e  Youtube . Confira abaixo o evento na íntegra:

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