De acordo com um levantamento do Mercado Pago em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (Ibpad), 50% dos brasileiros acreditam no fim das cédulas em dinheiro até 2034. Por outro lado, somente 36,5% veem a criação de uma moeda digital única como benéfica para o país e 34% se sentem nada ou pouco incluídos financeiramente.
“Os dados revelam uma percepção crescente de que os meios digitais estão se tornando a forma predominante de pagamento, visto que a evolução e avanço das tecnologias contribuíram para a redução no número de transações com dinheiro físico. Entretanto, a exclusão financeira continua sendo um desafio significativo no Brasil. Além disso, esse cenário agrava o problema da falta de troco no comércio, uma vez que muitos ainda dependem do dinheiro físico para suas transações diárias", explica Rodrigo Dória, CEO e fundador da Supertroco.
Segundo o CEO, mesmo com o avanço dos pagamentos digitais, a dificuldade em obter troco em dinheiro continua sendo um problema para uma série de brasileiros.
“Muitas pessoas continuam dependentes do valor em espécie para suas transações cotidianas, o que impede ou torna irreal a adoção de um cenário de redução ou exclusão do papel-moeda no momento. Isso evidencia a desigualdade econômica profunda no país, reforçando a importância de políticas de inclusão financeira e digital e do desenvolvimento de soluções para um problema que afeta uma parcela considerável da população”, afirma o executivo.
Meios digitais de pagamento agravam problema de falta de troco no comércio
Nos últimos anos, o Brasil tem visto um aumento significativo na adoção de meios de pagamento digitais, impulsionados por inovações como o Pix, lançado pelo Banco Central em 2020. Esse meio de pagamento instantâneo ganhou popularidade rapidamente, substituindo muitas transações em dinheiro. No entanto, para milhões de brasileiros, principalmente em áreas mais remotas ou em situação de vulnerabilidade econômica, o acesso à tecnologia e a serviços bancários ainda é um grande desafio.
De acordo com o BC, o número de pessoas com conta bancária aumentou 10,3% durante a pandemia. Apesar do avanço, ainda existem 34 milhões de brasileiros que não possuem conta bancária ou movimentam pouco, exibindo um cenário de exclusão financeira que ainda atinge uma parcela significativa da população.
“Essa exclusão financeira significa que uma parte da população permanece dependente do dinheiro físico e pode enfrentar problemas como a falta de troco no varejo e dificuldades em realizar transações básicas. O resultado é um ciclo de desigualdade, em que essa exclusão agrava a vulnerabilidade econômica e limita as oportunidades de desenvolvimento, tanto para indivíduos quanto para pequenos negócios”, analisa Dória.
A realidade da falta de troco
Mesmo com o Pix e toda a evolução tecnológica, o dinheiro físico ainda se faz bastante presente na vida dos brasileiros, sendo o terceiro meio de pagamento mais utilizado, segundo levantamento do Banco Central. Ou seja, pagamentos em papel-moeda e moedas ainda representam uma fatia considerável das transações no país.
A ausência de troco traz uma série de problemas estruturais e prejuízos. Em Chapecó (SC), por exemplo, a concessionária responsável pelo serviço de transporte coletivo lançou uma campanha para arrecadar moedas de R$ 0,05 e R$ 0,10, oferecendo brindes e passagens gratuitas como incentivo.
“Podemos perceber que a falta de troco não afeta somente o bolso do lojista ou comerciante, mas também tem um impacto direto na vida das pessoas. No caso de Chapecó, a ausência de moedas resultava em atrasos nas viagens e filas maiores, o que gerava insatisfação entre os passageiros e prejuízos operacionais”, comenta o CEO.
Soluções para a falta de troco
Uma alternativa para reduzir o impacto da falta de troco seria padronizar os preços com valores inteiros. No entanto, a prática de usar valores fracionados, como R$ 9,99 ou R$ 19,95, é comum e consolidada no varejo. Essa abordagem se baseia em estudos de comportamento, que mostram que preços ligeiramente abaixo de um número redondo podem influenciar positivamente a decisão de compra e tornar o produto mais atrativo aos olhos do consumidor.
“Além disso, precificar com números inteiros não resolve 100% do problema, já que muitos serviços e produtos dependem dos centavos para viabilizar seus modelos de negócio, especialmente em setores de alta demanda popular e margens apertadas. É o caso, por exemplo, do transporte coletivo, como ocorre em Chapecó, em que o valor da tarifa precisa ser calculado considerando custos operacionais, reajustes e equilíbrio financeiro. Se a tarifa fosse sempre arredondada para um número cheio, isso poderia gerar distorções, tanto no aumento que impacta o bolso dos passageiros quanto na perda de arrecadação da companhia", pondera Dória.
Por outro lado, empresas brasileiras têm desenvolvido soluções digitais como uma alternativa para contornar o problema. Uma delas é a Supertroco, que disponibiliza um programa de pontos com benefícios para o varejista e consumidor final, fornecendo uma plataforma na qual o consumidor pode arredondar o valor da compra ou converter seu troco em pontos para resgatar produtos, serviços e ainda concorrer a prêmios em dinheiro.
“O problema da falta de troco no Brasil persiste e as soluções para essa questão variam, indo desde políticas públicas de inclusão financeira até o desenvolvimento de tecnologias que contornam o problema, já que o uso do dinheiro físico ainda é grande. Somente com uma abordagem integrada, que alie avanços tecnológicos a iniciativas de inclusão, será possível reduzir o impacto da falta de troco no comércio e melhorar a experiência dos consumidores e comerciantes", finaliza o executivo.
Mín. 19° Máx. 34°